Opinião
O insustentável peso do Estado
O trocadilho com o título do livro de Milan Kundera, "A insustentável leveza do ser", vem mesmo a propósito.
E ainda mais se nos lembrarmos que o romance decorre em Praga, a cidade de outro escritor, Franz Kafka, que em "O Castelo" pinta o retrato de um mundo impessoal e burocrático.
O congresso das exportações, promovido pelo Governo, esta semana, em Santa Maria, foi uma espécie de dança maori antes da competição: compreende-se como acção de estímulo, mas não garante que as empresas ganhem o jogo. Tanto pela perversão do Estado, que vai alternando o papel de árbitro com o de jogador, como pela aparente subserviência com as empresas que alinham nestas acções. A dança maori de José Sócrates e dos seus pares revela que o Estado não só está contente com o peso que tem, como até não se importa de ter mais, definindo estratégias que deveriam estar remetidas à esfera empresarial. O seu peso consuma-se com vias verdes, linhas de crédito e apoios variados que efectivam a dependência e vão construindo o tal castelo burocrático.
As empresas, grandes, médias e pequenas, por sua vez, participam activamente na dança, o que as torna cúmplices neste processo de engorda do Estado.
As decisões de investir e de apostar em determinados mercados deviam competir, em exclusivo, às empresas. Ao Estado cabe apenas (e não é pouco) dar informação privilegiada sobre esses destinos e fornecer serviços de lóbi diplomático. Quando os empresários deixam nas mãos do Estado essa tarefa está tudo estragado. E o encanto da dança maori desaparece num ápice.
O congresso das exportações, promovido pelo Governo, esta semana, em Santa Maria, foi uma espécie de dança maori antes da competição: compreende-se como acção de estímulo, mas não garante que as empresas ganhem o jogo. Tanto pela perversão do Estado, que vai alternando o papel de árbitro com o de jogador, como pela aparente subserviência com as empresas que alinham nestas acções. A dança maori de José Sócrates e dos seus pares revela que o Estado não só está contente com o peso que tem, como até não se importa de ter mais, definindo estratégias que deveriam estar remetidas à esfera empresarial. O seu peso consuma-se com vias verdes, linhas de crédito e apoios variados que efectivam a dependência e vão construindo o tal castelo burocrático.
As decisões de investir e de apostar em determinados mercados deviam competir, em exclusivo, às empresas. Ao Estado cabe apenas (e não é pouco) dar informação privilegiada sobre esses destinos e fornecer serviços de lóbi diplomático. Quando os empresários deixam nas mãos do Estado essa tarefa está tudo estragado. E o encanto da dança maori desaparece num ápice.
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