Opinião
O bom é nosso, o mau é deles
A política é fértil em tartufices. Esta segunda-feira, depois de ter sido conhecido o crescimento do PIB no primeiro trimestre, a deputada do PSD Inês Domingos foi a tartufo de serviço ao declarar: "Estamos contentes com a recuperação do PIB neste trimestre que se deve às reformas realizadas pelo anterior Governo, à conjuntura internacional e na União Europeia mais favoráveis."
Segundo a deputada social-democrata, o PIB cresceu também por causa do "esforço das empresas e das famílias que levaram a economia para a frente, apesar de o Governo ser inerte e ter revertido reformas".
Ou seja, para Inês Domingos o PIB subiu por causa do anterior Governo [PSD/CDS], das empresas e das famílias, assim como da conjuntura internacional, sendo que o actual Executivo em nada contribuiu para isso. Antes pelo contrário. A deputada social-democrata, com esta avaliação azeda, cristaliza assim um dos conceitos comuns da política de pacotilha: o bom é mérito nosso, o mau é responsabilidade dos outros.
Esta política de memória selectiva não é, claro está, um atributo exclusivo do PSD. Todos os partidos com assento parlamentar o praticam de forma despudorada. E se é verdade que o PS e António Costa podem reclamar louros destas estatísticas animadoras, não é o menos que o Governo de Passos Coelho criou condições para que este caminho fosse percorrido.
O que o PSD não pode, até por uma questão de credibilidade, é contar só a parte da história que lhe convém, da mesma forma que o PS não se pode comportar como se antes de si tivesse havido um vazio.
Aliás, quem chega ao poder quer sempre o melhor para o país (ou, pelo menos, para a esmagadora maioria dos eleitores), porque esta é uma condição essencial para continuar a exercer esse mesmo poder.
A retórica de Inês Domingos, uma deputada de segunda linha que foi lançada para a fogueira, constitui-se como mais um contributo inestimável para que os portugueses desdenhem dos partidos, na medida em que reforça duas ideias preconcebidas: as de que os partidos "são todos iguais" e só querem "poleiro".
A política pode ser, em simultâneo, dicotómica e construtiva. Aliás, bastaria ao PSD olhar para as últimas sondagens para concluir que a sua narrativa enquanto partido da oposição está longe, muito longe, de ser bem-sucedida. A reacção da social-democrata Inês Domingos foi mais um rotundo tiro no pé.
Ou seja, para Inês Domingos o PIB subiu por causa do anterior Governo [PSD/CDS], das empresas e das famílias, assim como da conjuntura internacional, sendo que o actual Executivo em nada contribuiu para isso. Antes pelo contrário. A deputada social-democrata, com esta avaliação azeda, cristaliza assim um dos conceitos comuns da política de pacotilha: o bom é mérito nosso, o mau é responsabilidade dos outros.
O que o PSD não pode, até por uma questão de credibilidade, é contar só a parte da história que lhe convém, da mesma forma que o PS não se pode comportar como se antes de si tivesse havido um vazio.
Aliás, quem chega ao poder quer sempre o melhor para o país (ou, pelo menos, para a esmagadora maioria dos eleitores), porque esta é uma condição essencial para continuar a exercer esse mesmo poder.
A retórica de Inês Domingos, uma deputada de segunda linha que foi lançada para a fogueira, constitui-se como mais um contributo inestimável para que os portugueses desdenhem dos partidos, na medida em que reforça duas ideias preconcebidas: as de que os partidos "são todos iguais" e só querem "poleiro".
A política pode ser, em simultâneo, dicotómica e construtiva. Aliás, bastaria ao PSD olhar para as últimas sondagens para concluir que a sua narrativa enquanto partido da oposição está longe, muito longe, de ser bem-sucedida. A reacção da social-democrata Inês Domingos foi mais um rotundo tiro no pé.
Mais artigos de Opinião
Velocidade vertiginosa
03.11.2024
A cigarra e a formiga
30.10.2024
Moçambique em suspenso
29.10.2024
Desunidos de novo
28.10.2024
Adeus OE, olá autárquicas
27.10.2024
O país a fazer de conta
24.10.2024