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Mário Soares, um político superior

Mário Soares fica para a história porque fez história. Fez história ao fundar o PS, fez história nos anos quentes que se seguiram ao 25 de Abril de 1974, fez história ao constituir o Bloco Central, fez história ao ter promovido a entrada de Portugal na então Comunidade Económica Europeia, fez história com uma descolonização que lhe valeu muitos ódios, e fez história ao vencer a mais épica eleição presidencial, a de 1986, onde parecia condenado a uma humilhação.

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Mário Soares foi um político extraordinário e vai ficar na história por causa disso. Fez da política a sua vida e não se deixou apascentar por compromissos em que não acreditava. 

Errou? Claro que sim. Fez inimigos? Obviamente. Foi controverso? Naturalmente. Tudo isto abona a seu favor. Não deixou ninguém indiferente, precisamente porque agiu sempre de acordo com os seus princípios. E acreditou sempre na relevância dos postulados ideológicos e no papel decisivo da política para construir uma sociedade mais justa e solidária. 

Mário Soares contribuiu para consolidar o regime democrático em que hoje vivemos e mesmo depois de afastado das lides partidárias manteve uma actividade de intervenção cívica intensa.

Mário Soares foi um homem invulgar, um político dotado de um intuição rara. Obstinado, teimoso mesmo, em diversas circunstâncias. 

Mário Soares deixa um legado que o faz emergir como uma das personalidades mais marcantes do século e deixa uma lição de vida, a de que vale a pena lutar sempre por aquilo em que se acredita. Sobretudo na adversidade.

Este sábado, 7 de Janeiro de 2017, 
Portugal perdeu um dos seus melhores. Um homem de causas e um político superior.
 
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