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Mais Europa, menos incerteza

A partir dos escombros da saída do Reino Unido é preciso construir uma União Europeia mais forte, mais solidária e mais coesa. A tarefa tem carácter de urgência.

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A única certeza é a incerteza". Este é título da nota do banco suíço UBS onde esta sexta-feira analisa os impactos da saída do Reino Unido da União Europeia. É uma frase feliz que sintetiza este acontecimento triste para a Europa e nos remete para a imprevisibilidade dos tempos mais próximos. Tanto no campo político como no domínio económico.

O nacionalismo, o fantasma da emigração e o clima de degradação económica contribuíram decisivamente para que os ingleses tenham votado maioritariamente a favor da saída União Europeia. Agora, perante o facto consumado, resta aos restantes Estados-membros minimizarem os seus impactos. Uma tarefa que não se avizinha fácil. Antes pelo contrário.

Em França, na Itália e na Holanda, já começam a existir movimentações fortes no sentido de exigir a realização de referendos que validem, ou não, a permanência dos respectivos países na União Europeia. O Brexit, por outro lado, abre espaço para o reacendimento de movimentos separatistas, como o catalão, e cria insegurança, um pasto seco, perfeito para incendiar os mercados e dar racionalidade aos movimentos especulativos.


Pode-se agora dizer, com propriedade, que o Brexit é também o resultado de uma liderança da União Europeia cujos critérios levantam sérias interrogações. O que é verdadeiro, da mesma forma que é verdadeiro que foi a forma como a Europa – sobretudo o Reino Unido – apoiou a Primavera Árabe que esteve na origem da pressão migratória que se registou nos últimos anos sobre o Velho Continente. E estes migrantes, por sua vez, foram usados até à exaustão pelos defensores do Brexit para defender a saída do país da União Europeia.

Pode-se dizer que estas constatações remetem para o passado e que, o que importa agora, é olhar para o futuro. Contudo, o futuro da União Europeia só se constrói se aprender com os erros do passado, para a partir deles ensaiar uma abordagem global diferente aos desafios que se colocam.


Para já, importa que Bruxelas e o Reino Unido tratem com carácter de urgência o processo de saída deste da União Europeia. Em paralelo, é preciso, a partir deste escombros, construir uma Europa mais forte, mais solidária e mais coesa.

Winston Churchill disse um dia: "a democracia é a pior forma de Governo imaginável, à excepção de todas as outras que foram experimentadas". Troque-se democracia por União Europeia e temos resumido nesta frase a importância do projecto político europeu. Para Portugal e para todos os outros 26 Estado-membros.  

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