Opinião
As lições de Marcelo
Marcelo Rebelo de Sousa foi escolhido pela redacção do Negócios como a personalidade do ano. Ganhou as presidenciais à primeira volta de forma categórica e com uma campanha de baixo custo e rapidamente se transformou no político com presença mais assídua na comunicação social.
Mais, Marcelo Rebelo de Sousa transformou o exercício do cargo de Presidente da República, demonstrando que não é preciso uma revisão constitucional para que o inquilino de Belém seja interventivo, faça valer os seus pontos de vista e marque a actualidade política. É claro que a existência de um Governo do PS, apoiado de forma inédita pelo Bloco e PCP, facilitou a afirmação de Marcelo e lhe deu uma influência acrescida. Mas é também evidente que o actual Presidente foi à procura desse espaço e conquistou-o com uma facilidade inesperada.
Marcelo não se revelou apoquentado pelo facto de o actual Governo não pertencer à sua família política. Pelo contrário, aproveitou este facto e as fragilidades de António Costa para se constituir como um aliado que o primeiro-ministro não pode dispensar. Marcelo, em vez de se assumir como factor adicional de pressão para forçar uma outra solução governativa, deu ao país a estabilidade necessária para atravessar com relativa calmaria um ano que se avizinhava particularmente difícil. E este é um capital político que lhe irá render muitos juros ao longo da caminhada presidencial.
Depois, não menos importante, Marcelo Rebelo de Sousa dessacralizou a presidência. O contraste com o seu antecessor não podia ser mais flagrante. Enquanto Cavaco tinha um comportamento reservado, uma atitude de aparente frieza na relação com os portugueses e um discurso político construído com enigmas, Marcelo mostra-se um homem de afectos, sempre disponível e com intervenções claras. Pode-se até criticá-lo por falar de mais, mas este manifesto exagero é compensado pelo facto de ser perceptível, junto da opinião pública, que Marcelo gosta verdadeiramente do que está a fazer. E isso faz toda a diferença
As sondagens não enganam. Uma última, da Universidade Católica, atribui-lhe um recorde de popularidade de 97% e uma nota de 16,7. No barómetro político da Aximage de Outubro, 91% dos inquiridos classificam o Presidente com um "Bom" e de zero a 20 dão-lhe nota 19.
Este ano, Marcelo deu umas boas lições sobre a arte de bem fazer política.
Marcelo não se revelou apoquentado pelo facto de o actual Governo não pertencer à sua família política. Pelo contrário, aproveitou este facto e as fragilidades de António Costa para se constituir como um aliado que o primeiro-ministro não pode dispensar. Marcelo, em vez de se assumir como factor adicional de pressão para forçar uma outra solução governativa, deu ao país a estabilidade necessária para atravessar com relativa calmaria um ano que se avizinhava particularmente difícil. E este é um capital político que lhe irá render muitos juros ao longo da caminhada presidencial.
As sondagens não enganam. Uma última, da Universidade Católica, atribui-lhe um recorde de popularidade de 97% e uma nota de 16,7. No barómetro político da Aximage de Outubro, 91% dos inquiridos classificam o Presidente com um "Bom" e de zero a 20 dão-lhe nota 19.
Este ano, Marcelo deu umas boas lições sobre a arte de bem fazer política.
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