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A academia e o preconceito

É confrangedor ver um grupo de alunos do ISCSP (Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas) promover um abaixo-assinado contra a contratação de Pedro Passos Coelho como professor.

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Os subscritores argumentam que o antigo primeiro-ministro "nunca leccionou, nunca preparou uma tese na sua vida, nunca trabalhou em investigação e nunca teve um percurso académico minimamente relevante para que seja capaz de preparar alunos de mestrado e doutoramento".

Esta iniciativa parte de um pressuposto, o de uma indisfarçável soberba académica, que num momento posterior insinua, candidamente, o perigo de uma "cartelização política", devido ao facto de o actual reitor do ISCSP, Manuel Meirinho, ter sido eleito deputado como independente nas listas do PSD em 2011.

Os subscritores do abaixo-assinado deviam antes esperar que Passos Coelho começasse a dar aulas para, então sim, avaliarem os méritos do antigo primeiro-ministro enquanto docente e agirem em conformidade. Fazendo-o a priori, podem também eles ser acusados de "cartelização política" às avessas.

Aliás, parece evidente que as motivações deste abaixo-assinado têm muito pouco de academia e demasiado de ataque político. O que não tem nada de mal, se fosse assumido na plenitude. Não o sendo, este abaixo-assinado emerge como um ajuste de contas soez.  

 

Com amigos destes não são precisos inimigos

 

Mario Draghi, após a reunião de conselho do Banco Central Europeu (BCE) de quinta-feira, colocou o dedo na ferida relativamente à guerra comercial que Donald Trump planeia abrir. "Se pomos tarifas nos aliados, questionamo-nos sobre quem são os inimigos", salientou Draghi. De facto, mesmo que  o alvo prioritário dos Estados Unidos seja a China, a realidade é que uma guerra desta natureza provoca sempre danos colaterais e reacções casuísticas.

Depois há uma contradição insanável. Trump, o paladino do liberalismo económico que pressupõe uma concorrência total, é o mesmo que pretende construir um muro feito de taxas para defender as suas empresas da competitividade exterior. Em vez disso, seria muito mais sensato exigir à China reciprocidade no tratamento do investimento e reciprocidade no relacionamento económico.

Os impulsos de Trump podem virar o mundo do avesso. E isso é um perigo.
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