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23 de Fevereiro de 2015 às 09:58

O betão é seguro?

Há um beneficiário improvável do esmagamento dos juros dos depósitos: o mercado imobiliário. É lá que os investidores mais abonados, e de perfil conservador, irão procurar as rendibilidades que os bancos já não oferecem.

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Há um beneficiário improvável do esmagamento dos juros dos depósitos: o mercado imobiliário. É lá que os investidores mais abonados, e de perfil conservador, irão procurar as rendibilidades que os bancos já não oferecem.


Além daquela, há outras condições que recomendam que se olhe para o imobiliário como forma de aplicar as poupanças. A economia portuguesa estabilizou, e os preços do imobiliário pararam de cair. Estão até, em vários casos, a recuperar lentamente.


A procura por parte dos estrangeiros voltou a crescer nos destinos turísticos. A subir está também a procura por parte dos portugueses, graças à melhoria das condições de acesso ao crédito. Que resultam de dois factores: a descida dos "spreads" (ainda que se mantendo muito longe dos valores anteriores a 2008) e a perspectiva de que as taxas Euribor se vão manter próximas de zero.


O novo regime jurídico do arrendamento veio também simplificar a vida a quem opta por esta solução para rentabilizar o imóvel. E estão a afirmar-se novas abordagens ao negócio. É o caso do "short renting", contratos de curta duração para estrangeiros.


As imobiliárias, que querem negócio, não têm dúvidas em afirmar que este é o momento certo para transformar as poupanças em tijolos e betão. Seja numa perspectiva de arrendamento. Seja para comprar e esperar para vender com mais-valias. No tema de capa desta semana do Investidor Privado, encontra zonas de Lisboa e Porto onde o m2 não está inflacionado, mas apresentam uma boa perspectiva de valorização a médio e longo prazo.


Basta crer, por exemplo, que toda a zona do Beato, em Lisboa, pode vir a ser alvo de um "tratamento" semelhante ao Parque das Nações. Ou que Campolide pode ser contagiado pelos valores elevados do m2 nas Amoreiras.


As imobiliárias têm um racional para todas as zonas. Mas convém desconfiar de promessas de rendilidade. E da ideia de que o capital é garantido. Os fundos imobiliários, que são especialistas no negócio, perdem em média 2% nos últimos três anos (os abertos). É verdade que investem sobretudo em escritórios e espaços comerciais, onde os preços sofreram mais com a crise do que a habitação. Mas é um alerta. Lá por pôr as poupanças em betão, não significa que elas não possam ruir. Se tem casa própria, lembre-se também que já tem uma percentagem grande do seu património em imobiliário. Diversificar é uma regra de ouro do investimento. 

 

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