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Bons ventos da banca

O fim do financiamento do BCE à Caixa e a emissão do Novo Banco são passos recentes de um processo longo que já passou por aumentos de capital feitos no mercado - caso do BCP - recomposições accionistas - como no BPI - reembolso das injecções do Estado - como fizeram ambos - e regresso aos lucros, como já conseguiram quase todos.

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A banca será sempre um sector alvo de grande atenção mediática. A sua importância para a economia a isso obriga. Ainda assim, o próprio sector, e os portugueses, dispensariam de bom grado a atenção dos últimos anos. Mas agora, pelo menos, já vão havendo boas notícias.

A edição de hoje do Negócios traz mais do que uma. Podemos começar pelo facto de a Caixa deixar de ter qualquer linha de financiamento cedida pelo BCE, depois de no auge da crise da dívida em Portugal ter chegado a precisar de 11,2 mil milhões de euros. É um certificado de normalização da situação do banco. É importante para a avaliação que as agências de "rating" fazem dele, do sistema financeiro português como um todo e até do país.

Outros bancos poderão seguir as pisadas da Caixa, ainda que o facto de os empréstimos do BCE terem um juro zero ou serem até remunerados seja um forte incentivo, e um bom motivo, para manter esta ligação ao banco central.

A outra boa notícia, que vem do final da semana passada, é a estreia bem-sucedida do Novo Banco nos mercados. O juro, de 8,5%, é muito elevado, mas a operação de troca das obrigações sénior permitiu poupar dinheiro. Além desta, o banco foi buscar mais 141 milhões a novos investidores. O preço é alto, mas é o prémio a pagar por desbravar um caminho nunca antes percorrido nos mercados.

O fim do financiamento do BCE à Caixa e a emissão do Novo Banco são passos recentes de um processo longo que já passou por aumentos de capital feitos no mercado - caso do BCP - recomposições accionistas - como no BPI - reembolso das injecções do Estado - como fizeram ambos - e regresso aos lucros, como já conseguiram quase todos.

Ao fim de vários anos, sete longos anos, o sector financeiro português está claramente a sair do lodo da crise, ainda que a velocidades diferentes. Há casos ainda graves, como a Associação Mutualista Montepio Geral, que não é um banco mas é dona de um. Há um fundo de resolução hipotecado por décadas em que o Estado tem a cabeça no cepo. Há ainda demasiado crédito malparado nos balanços. Mas é inegável que é agora muito mais leve o ar que se respira. Que assim continue.
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