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A solução escandinava de Macron para a França

O que Macron gosta em relação ao modelo escandinavo é que combina um elevado grau de flexibilidade no mercado laboral com o incentivo à inovação e com elevados níveis de protecção social.

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A campanha presidencial revelou que a população francesa está cada vez mais frustrada e zangada. Se Macron falhar na resposta às queixas da população, o desafio populista vai crescer.

 

O plano de Macron é corajoso. Macron quer recuperar a economia francesa, que está moribunda, através de uma transformação do modelo de crescimento. Mas a sua agenda não é de mercado livre; Macron olha para a Escandinávia para encontrar soluções.

 

O que Macron gosta em relação ao modelo escandinavo é que combina um elevado grau de flexibilidade no mercado laboral com o incentivo à inovação e com elevados níveis de protecção social. É a rede de segurança universal que permitiu à Escandinávia adaptar-se às pressões da globalização e deixar para trás países desenvolvidos, como é o caso da França, na maioria das medidas de desempenho económico.

 

A França é conhecida por ter um mercado de trabalho rígido. As pessoas temem perder os seus empregos porque não recebem nem formação adequada nem uma compensação adequada caso isso aconteça. Por isso, um dos primeiros passos de Macron vai ser estender as protecções sociais a grupos anteriormente excluídos, como os trabalhadores independentes, e reconstruir a formação profissional.

 

O plano de Macron para impulsionar a eficiência do mercado laboral não se fica por aqui. Macron vai defender que a negociação colectiva deve ocorrer directamente ao nível da empresa e não ao nível nacional. Outros elementos fundamentais incluem reformas na educação para assegurar a mobilidade social, a igualdade de oportunidades e um sistema de pensões mais flexível, numa altura em que as pessoas mudam de empregos e de sectores com mais frequência.

 

Os planos de Macron para incentivar a inovação dependem da reforma fiscal. Macron quer uma isenção para os activos financeiros do imposto anual sobre a riqueza, quer baixar os impostos sobre as empresas de 33% para 25% e quer que os impostos individuais sobre os rendimentos de capital tenham uma taxa fixa de 30% e, por conseguinte, convergir para o sistema sueco.

 

Este programa deverá ajudar a reduzir o desemprego e promover um crescimento mais elevado e inclusivo e, por conseguinte, abordar a cada vez maior frustração e raiva da população francesa. Mas primeiro Macron tem de conseguir que estas medidas sejam aprovadas no parlamento francês.

 

Philippe Aghion é professor de Economia na Universidade de Harvard e na London School of Economics.

 

Copyright: Project Syndicate, 2017.
www.project-syndicate.org

Tradução: Ana Laranjeiro

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