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Armando Moreira 01 de Fevereiro de 2007 às 13:59

Viagens

Tão importante foi a chegada de Vasco da Gama à Índia, em 1478, que Arnold Toynbee, um dos maiores historiadores ingleses do séc. XX, dividiu a história universal em dois períodos: a era pré-gâmica e a era pós-gâmica. Compreende-se por isso, muito bem, a

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Trata-se de um verdadeiro continente, com mais de um bilião de pessoas espalhadas por 27 Estados que constituem o que hoje se designa como União Indiana. Daí o paralelismo que terá sido feito pelo primeiro-ministro daquele país, comparando-o com a União Europeia, também esta constituída por 27 Estados membros, embora com menos de metade da população e de área territorial.

Um país que se está a impor no mundo da inovação e que levou o nosso Presidente da República a afirmar que "chegámos atrasados à Índia", de onde, acrescentamos nós, nunca deveríamos ter saído, e muito menos da forma vergonhosa como o fizemos em 1961.

Isto, porém, são contas de outro rosário. Para o momento actual importa assinalar que o Professor Cavaco Silva deu uma amostra significativa do que é a sua missão, enquanto mais alto magistrado da Nação, planeando a vista com enorme cuidado, emitindo sinais para a sociedade e comprometendo-se ele próprio a começar a afrontar as maiores debilidades do nosso processo de inverter o rumo da rota da seda e das especiarias que vinham do Oriente, fazendo-as passar por Lisboa, então a porta do nosso mundo. Oxalá Cavaco consiga inverter a rota da inovação, de que comprovadamente a União Indiana é alfobre. Não será pequena mais valia para esta histórica viagem às terras dos marajás.

VIAGENS II

Noutras viagens se entretiveram também, durante duas semanas, todos os que integraram a caravana do Rali Lisboa/Dakar. Uma viajem que tem contornos desportivos, embora se assuma cada vez mais como uma grande montra de promoção dos veículos de quatro e de duas rodas.

Portugal também chegou atrasado à organização deste Rali, que os franceses iniciaram e, agora, deixaram cair, não se sabe bem porquê. Seja como for, graças ao patrocínio do Euromilhões (Santa casa da Misericórdia de Lisboa), lá foi a caravana atravessar as inóspitas paisagens do deserto do Saara, rumo ao Senegal. Também aqui o paralelismo se pode fazer: em 1415, D. João I e a "ínclita geração" chegavam a Ceuta, onde Portugal se manteve até ao desastre de Alcácer-Quibir, de onde D. Sebastião não regressaria. Foi um desastre tão grande que até a independência política viríamos a perder. A maior perda, porém, terá sido o corte dos elos de ligação com o Norte de África, numa altura em que os árabes ainda dominavam uma boa parte da Península Ibérica.

Servirá este Rali algum interesse político e económico para o nosso país? Não estamos a ver. E é pena. Pelo menos para conseguirmos algum retorno do dinheirinho da Santa Casa. Caso contrário...

VIAGENS III

Também o nosso primeiro-ministro rumou agora ao "País do Sol Nascente". Com os mesmos propósitos que levaram o PR até à Índia. Mais uma vez, a porta de entrada é Macau, um território que os portugueses administraram até 1999.

Nos resquícios do Império, continuam a fundar-se os nossos projectos de futuro, o que significa que nem tudo se perdeu.

Camões, o mais errante dos nossos épicos, também esteve no Oriente. Ele próprio testemunhou quanto a presença lusitana era apreciada pelos naturais com quem estabelecemos contacto e feitorias.

Que é o que agora as comitivas que acompanham estas viagens pretendem fazer - estabelecer entrepostos comerciais (feitorias), de forma a permitir que a informação e as mercadorias possam circular de um lado por o outro.

Será que estamos a redescobrir a nossa veia de "negociantes"? Oxalá! Cada um, como cada povo, é para o que nasce.

É esta a forma de ser português. Então aproveitemo-la!

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