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10 de Janeiro de 2008 às 13:59

Falar de graça

No dia em que escrevemos este apontamento, ainda não sabemos a posição que o Eng.º Sócrates assumiu no que se refere a ratificação do TRATADO DE LISBOA. Se pela via referendária, se através da Assembleia da República. Mas sabemos que mal andará se optar p

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Em primeiro lugar o método e a sua eficácia.

Referendar um tratado desta natureza, poderia fazer sentido antes de ele ser assinado pelos 27 estados membros. Estavam de facto em causa matérias altamente responsabilizantes para o País. Pelo que delas dar conhecimento e pedir a opinião antecipada poderia justificar-se. Como sucedeu com o aborto, ou com a regionalização. Relativamente à construção europeia, teria de ser sempre muito genérica a matéria a referendar, com perguntas do tipo: “dá o seu acordo a que o Governo se comprometa com o aprofundamento da União Europeia?”

Daí que, em termos metodológicos, fazer uma consulta popular “ad anteriorem” sobre um tratado tão complexo, seria extremamente difícil.

Quanto à eficácia. Referendar agora este Tratado de Lisboa faria todo o sentido para quem dele discorda e pretendesse votar contra. Como nós percebemos os dirigentes bloquistas e comunistas que gostariam de ver o nosso País fora da União Europeia! Não é que eles nos apresentem uma alternativa nacional para o nosso desenvolvimento. Mas isso não é dever para quem não anseia ser Governo.

Mas aos partidos do arco da governação não resta outra alternativa que não seja a de dizer sim ao Tratado. Porque dizer o contrário, neste momento, seria um autêntico suicídio colectivo.

Depois devem-se ponderar os custos políticos e financeiros duma consulta destas.

Em termos políticos, os grandes timoneiros Socrátes e Barroso, o que menos querem é um contraditório sobre este Tratado. Que foi negociado habilmente, com cedências a este e àquele países, a gregos e a troianos, a ingleses, polacos e italianos, com prejuízo nominal dos mais pequenos. (Que é um prejuízo relativo – que mais faz a Portugal ter 22 ou 23 euro deputados? Só se for pelos quatro ou cinco mil contos que cada um deles recebe e que não entram no País – (se é que não o depositam no Luxemburgo onde ainda há segredo bancário.)

Acresce que todos quantos defendem o não ao Tratado aproveitariam para “malhar” no Governo a propósito desta consulta, oportunidade de que os social – democratas do Dr. Menezes decidiram abdicar, certamente porque pressentem que outros motivos não faltarão para o fazer, ao decidirem, quanto a nós bem, não embarcar na lógica bloquista e esquerdista de convocar o Povo para um acto inútil e politicamente contraditório.

Para além de que uma consulta destas é financeiramente ruinosa e o País, como todos sabem, continua a derrapar em termos de despesa pública, por mais falinhas mansas que o Prof. Teixeira dos Santos debite publicamente.

Resumindo e concluindo: há que deixar a falar sozinhas as forças da esquerda que se opõem ao Tratado e os oráculos da direita que são pagos nos órgãos de Comunicação Social pelos níveis de audiência que asseguram Essa é que é essa.

Por nós, há que admiti-lo, o mais sensato é deixá-los a falar de graça, até que se cansem.

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