Opinião
Uma questão de pastéis
Mário Soares, aparentemente, pode comer pastéis de feijão em público. Cavaco Silva não. Como fronteira ideológica isso parece ser de realçar. Resta saber quem irá comer dia 22 os célebres pastéis de Belém.
Enquanto essa questão de doçaria não se resolve o país continua a ver cada vez mais longe a luz no fundo do túnel. Todos os dias surgem notícias devastadoras para o astral dos portugueses, que normalmente só vibram quando a selecção nacional de futebol joga. O país, claramente, está farto de aplaudir delirantemente todas as sugestões de mudança de sucessivas levas de dirigentes, porque entendem sempre algo diferente do que está a ser dito. Os líderes prometem o paraíso daí a dois anos. Os portugueses colhem o inferno no final de cada 365 dias. Agora que já nem os salários baixos, as rolhas de cortiça e os têxteis são capazes de camuflar a irresistível atracção pelo abismo do país, que poderá acontecer? Poderá o próximo presidente da República ser um David que derrotará o temível Golias da globalização que nos esmaga ainda mais rápido do que o habitual? É nisso que, evidentemente, os portugueses depositam todas as esperanças. Ninguém vai decidir o voto por causa dos pastéis de feijão. Porque qualquer dia não há mega-feijoadas para ninguém.
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