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Um novo feriado

A discussão sobre os feriados já custou a ostracização de José Ribeiro e Castro. Defender a comemoração da Restauração parece um pecado capital num momento em que Portugal é um protectorado da Troika.

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A discussão sobre os feriados já custou a ostracização de José Ribeiro e Castro. Defender a comemoração da Restauração parece um pecado capital num momento em que Portugal é um protectorado da Troika.

Os simbolismos são demasiado perigosos nos dias que correm. Vivemos à espera que os deuses resolvam os problemas que as nossas elites criaram. É por isso que, em troca de um outro, se poderia propor um novo feriado: o 29 de Junho.

Portugal passa o ano a comemorar esse dia. Porque não tornar o dia de S. Pedro um feriado nacional? Há mais: S. Pedro não só faz chover, como abre as portas do céu. Portugal socorre-se sempre de S. Pedro quando é incapaz de resolver os seus problemas terrenos.

Não chove e a ministra Assunção Cristas pede que jorre água do céu, porque nas gavetas não há disponibilidade imediata de dinheiro para resolver o problema dos agricultores com a seca. E a água acabou por chegar primeiro do que o dinheiro.

O Governo diz querer que a CGD venda as acções da Cimpor porque isso traz liquidez. A água tem uma capacidade única: adapta-se a todos os desejos, a todos os conteúdos e a todos os fins.

Portugal já não é sólido: é hoje um Estado líquido. Tal como o Governo: o seu liberalismo líquido, visível na forma como vende a Cimpor e ajuda a comprar a Brisa, transforma-se em estatismo sólido com a maior das facilidades.

O sábio Padre António Vieira dizia: "Viver do próprio a pão e água é a maior penitência; viver do alheio, ainda que seja a pão e água, é grande regalo. Tão saboroso bocado é o alheio". É por isso que S. Pedro merece um feriado. Pode ser que ele permita que chova dinheiro.

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