Na direita portuguesa talvez não haja um político tão versátil como ACM: nenhum é “malvadeza” ou “ternura”, como ele. Quase todos, neste momento, são “light” ou “zero”. Marques Mendes é o exemplo perfeito do político sem cafeína. Não faz mal ao Governo. Só causa arritmias ao seu próprio partido. Marques Mendes não é teimoso.

Só o é para os dirigentes que dentro do PSD teimam consigo para que as regras de eleição do líder sejam mais transparentes e democráticas. Em suma: Marques Mendes não é ACM. Este esteve à frente dos destinos da Bahia durante dezenas de anos. Marques Mendes espera estar à frente do PSD até 2009. Não é muito tempo: é, apenas, o suficiente para que, a menos que faça implodir o que resta do país, Sócrates ganhe as eleições como ACM costumava vencer no seu estado brasileiro. Há uma crise na sociedade portuguesa. A classe média foi colocada na guilhotina e precisa de uma oposição que a salve do executor da definitiva sentença. Mas, com a falta de malvadeza e o excesso de ternura de Marques Mendes, quando o PSD o remover

da liderança já não há classe média para salvar.