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Temos BCE... e presidente

À medida que se vão conhecendo os detalhes do "plano Draghi" para o BCE apoiar os países sob pressão dos mercados, começa a ficar claro que temos presidente.

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Mario Draghi tem estado sob pressão alemã, via Bundesbank, que não quer o BCE envolvido na dívida soberana. Razão: não é função dos bancos centrais financiar orçamentos.

Compreende-se a relutância. Da última vez que o banco central alemão financiou o Estado, a coisa correu mal (um kg de pão chegou a valer 10 milhões de marcos...). Além de que se o BCE se substituir aos governos da Zona Euro, a pressão para fazer mudanças estruturais deixa de existir.

O problema é que o Bundesbank desta vez não tem razão. Porque o "plano Draghi" para baixar os juros da dívida tem contrapartidas duras: os países têm de pedir formalmente ajuda, os títulos a comprar são os de curto prazo e quem não cumprir... fica na mão dos mercados. Por outro lado, o BCE não divulga o patamar de juros a partir dos quais intervirá (que deixa margem para ter "conversas de pé de orelha" com os mal comportados, ameaçando com a subida do limite de intervenção...).

O Bundesbank continua a opor-se? É mais fogo-de-vista que outra coisa, para acalmar o eleitorado alemão. Jens Weidmann está farto de saber que ou o BCE foge da cartilha tradicional, ou o euro vai ao ar. Com consequências imprevisíveis.

O "plano Draghi" resolve tudo? Não. Falta a união bancária, que vai ajudar (entre outras coisas) a "nivelar" as taxas de juro entre bancos alemães e do sul da Europa (que penaliza as boas empresas do sul). Mas que o plano é um grande passo para salvar o euro, é.

Não há dúvida: o BCE ganhou finalmente um presidente à altura.


camilolourenco@gmail.com
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