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Regresso ao campo

Nas últimas duas décadas Portugal deixou de ser o país rural que nos foi legado por António Salazar.

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Nas últimas duas décadas Portugal deixou de ser o país rural que nos foi legado por António Salazar.

O «campo», como chamávamos com ternura a tudo o que não era feito de tijolos, desertificou-se. As cidades tornaram-se, para os portugueses, o oásis anunciado.

Depois da emigração, Portugal descobriu a migração interna. Rumo à foz do Tejo ou do Douro. Percebia-se porquê.

O interior foi perdendo atractivos e nunca se conseguiu, neste país, criar pólos capazes de dinamizar o que restava do «campo».

E esse conflito, que a presidência aberta de Jorge Sampaio ajuda a explicar como insónia do país, nunca ficou resolvido.

No fundo quase que regressamos ao Eça de Queiroz de «A Cidade e as Serras».

O velho Portugal do interior ardeu: os fogos foram apenas o epílogo anunciado da fuga dos mais novos para as cidades e da política do «deixa andar» que é a ideologia oficial nacional.

Cada vez voltamos lá mais como turistas. Mas há uma ingratidão latente com a herança que o «campo» nos deixou e que os chamados espaços verdes das cidades nunca nos darão: o contacto com a natureza.

Portugal é uma nau onde todos se sentam a bombordo e ninguém olha para estibordo.

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