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Quando a tolice comanda a política...

Há semanas um responsável do grupo Renault dizia-me que o grupo receava ter de fazer uma correcção em baixa das estimativas de vendas de veículos eléctricos (a informação nem sequer era confidencial...).

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Há semanas um responsável do grupo Renault dizia-me que o grupo receava ter de fazer uma correcção em baixa das estimativas de vendas de veículos eléctricos (a informação nem sequer era confidencial...). Em Portugal e na Europa. Quando se ficou a conhecer a suspensão do investimento em Cacia, a decisão (pensei eu) era tudo menos surpreendente. Mas pelos vistos foi...: houve quem atribuísse a suspensão ao facto de o Governo não ter acompanhado o assunto.

Quem conhece a indústria automóvel, a primeira a globalizar-se, sabe perfeitamente que ninguém instala uma unidade de produção para satisfazer um único mercado (veja-se a Seat, do grupo VW, cuja fábrica em Martorell esfalfa-se por chegar a 2,5% de quota na Europa – não em Espanha – para não fechar). Ainda para mais quando esse mercado vende 200 mil veículos/ano. Ou seja, ninguém suspende investimentos destes por causa de um mercado mixuruca, onde a própria Renault prevê vender... 200 veículos (quando muito!) em 2012.

No caso das baterias, todas as fábricas do grupo Renault-Nissan (Zama no Japão, Sunderland em Inglaterra, Smyrna nos EUA e Flinns em França) estão ao lado de linhas de montagem de veículos eléctricos. Esse é o "pecado capital" de Cacia... que se agravou porque o grupo não precisa, para já, de mais baterias.

É por isso que o "blame game", protagonizado por Carlos Zorrinho e Basílio Horta, é uma tolice (típica de quem se quer diferenciar do Governo). Tolice tanto mais surpreendente porque vem de duas pessoas que estiveram por dentro das negociações com a Nissan. Ou será esse o problema (esconder mais um "vaporware")?


camilolourenco@gmail.com
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