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18 de Junho de 2010 às 12:28

Passado - PIGS in space - 25 anos perdidos no espaço da CEE

Pigs in Space era um sketch recorrente do Muppet Show - e uma paródia ao Star Trek; e às séries de ficção científica da época (anos 70). Aos argumentos inteligentes e efeitos especiais ultra-modernos, que eram apanágio da série, a tripulação da nave de...

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Passado
PIGS in space - 25 anos perdidos no espaço da CEE

Pigs in Space era um sketch recorrente do Muppet Show - e uma paródia ao Star Trek; e às séries de ficção científica da época (anos 70). Aos argumentos inteligentes e efeitos especiais ultra-modernos, que eram apanágio da série, a tripulação da nave de Pigs in Space respondia com - parvoíce e desenrascanço básico. Nos episódios da primeira temporada, a tripulação é acordada, todas as manhãs, através do avançado sistema de comunicação da nave, que transmite em ultra-esterofonia, o cantar do galo do capitão… Por mais que procure, e eu sou teimoso, não vejo melhor imagem para estes 25 anos de Portugal na CEE.

Por coincidência, ou não, num tempo recente, fomos brindados com o acrónimo - PIIGS - que nos junta a um grupo de países que, no fundo, representa um conjunto de gente incompetente que vagueia perdida no espaço da CEE. Atenção, se me apetecer também junto as iniciais de Reino Unido, França, Itália e Alemanha e faço - RU.F.I.A. Também sei jogar ao Scrabble das Nações se o objectivo é ofender.

Posto isto, temos de reconhecer que a carreira de Portugal na União Europeia tem sido muito semelhante à nossa participação no Eurofestival da canção. A Cimeira de Lisboa, e o tratado, são o equivalente à performance de José Cid com o "Addio, adieu, aufwiedersehen, goodbye, Amore, amour, meine liebe, love of my life". Foram-se as borbulhas, casámos, tivemos filhos (poucos) e fomos crescendo sempre na cauda da Europa, que deve ser encaracoladinha como a do porco. Vimos os gregos afastarem-se e juntarem-se ao pelotão da frente; sem suspeitas de doping. Entrámos para o Euro, em andamento; como aqueles miúdos que se agarram aos eléctricos pelo lado de fora e, finalmente, a Europa, devido à "conjuntura Mundial" transformou-se numa "Ouroboros", a serpente que devora a sua própria cauda, e como nós, se se recordam, estávamos na cauda… acabámos, esta extensa lista de metáforas, com uma dentada no rabo. E, sabe-se lá porquê, não vejo melhor forma para terminar que, citando Mário Soares: "Estou certo que Portugal não irá necessitar daquilo que foi preciso contribuir em relação à Grécia".

"Time for...Piiiiiigs...iiiin...spaaaaaaace!"



Futuro
Desemprego - 10,8%! Conheço um sujeito que se formou em direito e foi trabalhar para um escritório de advogados como moço de recados da máquina do café. Ter um emprego é muito importante. Mais do que uma questão de sobrevivência, é neste momento, uma questão de status. As pessoas estão sempre a perguntar - estás a trabalhar onde?


Escrevo isto fechando no armário o sindicalista que há em mim - muitas pessoas pagavam para ter um emprego! E, num futuro próximo, talvez… imaginem som de harpa… isso é uma vuvuzela, eu disse harpa. Agora sim. Estamos no futuro.

FUNCIONÁRIO: Entrem.
DESEMPREGADO: Boa tarde.
MULHER do DESEMPREGADO: Boa tarde.
D: Venho por causa do emprego.
F: Qual emprego?
D: O do anúncio.
F: Sim, mas nós pusemos anúncio para três empregos. Temos o de 1.200 euros por mês, o de 400 euros por mês e o de...240 euros/mês.
D: Eu estava a pensar no de 400 euros por mês.
MD: 400 euros por mês, isso é muito filho.
D: Já tínhamos falado sobre isso, querida. Eu quero muito este emprego de 400 euros.
F: Bem. Vou mostrar-lhe o emprego de 400 euros por mês. É um emprego de categoria. Está a ver aqui as fotografias do gabinete? Tem computador. Tem papelada. Post-it grandes para pôr recados. Cartazes humorísticos colados na parede. Um caixote de lixo cheio. Um resto de sandes. Tem de carimbar coisas de vez em quando. Por este preço é difícil encontrar melhor por aí.
D: É o melhor que eu vi até agora.
MD: O outro era melhor.
D: O outro tinha mais luz. Mas não tinha papelinhos para pôr recados. Eu quero ficar com este emprego.
MD: Mas nós não temos dinheiro para este emprego.
D: Tu podias desistir do teu.
MD: Desistir do meu emprego?! Eu pago duzentos e trinta euros, por mês, por um emprego com uma fotocopiadora, e uma lâmpada de halogéneo a piscar no tecto, e sem folgas e vou ter de desistir do meu emprego para puderes ter o teu?!
D: Mas é o emprego que eu sempre quis ter.
MD: Nem pensar nisso! Eu não andei a poupar este anos todos para ter o meu emprego, para agora ficar sem ele.!
F: O trabalho é bom. E inclui fins de semana. Tem aqui trabalho para muitos anos. E tem uma cadeira vazia, se quiser podemos alugar-lhe um colega por cinquenta aurélios por mês.
MD: Está tudo maluco! Cinquenta euros por um colega! Nós temos filhos! Não pode ser só o emprego, o emprego, o emprego. Pede para ver o trabalho de duzentos e quarenta euros.
F: Bem. O de duzentos e…é este que está aqui na foto…a esquina é boa. Se quiser até pode encostar-se à parede e pôr a perna traçada.
MD: Não sei. Parece um nadinho ventosa. Eu não trabalhava aí a pagar isso. Mas tu é que sabes da tua vida.


Presente
Faz hoje 66 anos, Chico Buarque. Não te esqueças de lhe ligar, Zé. Desta vez tens de ser tu.








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