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01 de Março de 2004 às 13:15

Os palhaços de Belmiro

A 472ª pessoa mais rica do mundo disse que não tinha dinheiro para a Portucel, que havia canditados não credíveis à papeleira e que havia palhaços entre os candidatos às presidenciais.

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A 472ª pessoa mais rica do mundo disse que não tinha dinheiro para a Portucel, que havia canditados não credíveis à papeleira e que havia palhaços entre os candidatos às presidenciais.

Eis apenas três notáveis coisas que Belmiro de Azevedo deu a conhecer no final da última semana. Vejamos uma por uma.

Manuela Magno, 50 anos, licenciada em física nuclear, professora de música na Universidade de Évora, anunciou a sua candidatura à sucessão de Jorge Sampaio.

A pouco mais de duzentos quilómetros, em Coimbra, Belmiro de Azevedo virava-se para a plateia da conferência “Inovação e Empreendorismo” e dizia: “Há quem queira ser líder e não possa, porque não tem as competências necessárias - são palhaços.

Há candidatos à Presidência da República que eu classificaria assim”. Falaria Belmiro da estimável professora de música que diz que a Portugal falta alegria?  Por certo não, porque Belmiro de Azevedo tem por hábito ser brutal no seu linguajar mas não costuma perder tempo com fogos fátuos nem se inclina para a ordinarice.

Falaria Belmiro dos dois Antónios, Vitorino e Guterres? Provavelmente não, porque nem um nem outro são candidatos embora quer um quer outro sejam candidatáveis.

Falaria então Belmiro de Aníbal Cavaco Silva? Definitivamente não, pela mesma razão que não se referia aos Antónios e pelo simples facto de que, por mais divergências históricas que tenha em relação a Cavaco Silva, lhe reconhece a estatura.

Falaria então de Marcelo Rebelo de Sousa? Impossível, por todas as razões atrás expostas e porque, muito embora Marcelo adore enredos e tenha uma infinita paixão pelo espectáculo, a sua inteligência superior estimula por certo um espírito vivo e sagaz como o de Belmiro.

De que palhaços falaria então Belmiro? Daqueles que nos circos preenchem os tempos mortos e normalmente nos fazem suspirar que um tigre, de apurada sensibilidade estética, salte subitamente sobre o palhaço rico e de um só trago o engula definitivamente?

Sim só pode ser isso, Belmiro só podia estar a falar do palhaço rico e não dos palhaços em geral. O plural, neste contexto, terá sido apenas uma figura literária. Belmiro estava apenas de umcandidato. Ora este recurso às figuras de estilo não é novo em Belmiro.

Ainda na quarta-feira passada o comunicado de Facto Relevante da Sonae à CMVM, justificando a sua não candidatura à Portucel, dizia que “...estabeleceu acordos com as entidades credíveis...”.

Ou seja, anunciava que considerava credíveis as candidaturas da Mondi, da Domtar e da Semapa e não credíveis as da Lecta e da Cofina. O que fez correr muita tinta e escondeu um pouco duas outras coisas importantes do comunicado.

A primeira em que dizia que o Governo não queria a Sonae como accionista único da Portucel mas que o Governo não se importava que, ao fim de algum tempo, a Portucel ficasse com outro accionista único.

E a segunda em que dizia que a Sonae não tinha condições financeiras adequadas para enfrentar o esforço financeiro. O que por certo é verdade.

Quem sai mal na fotografia é a revista Forbes que considerou Belmiro a 472ª pessoa mais rica do mundo e não viu que ele não tinha dinheiro para comprar a Portucel.

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