Opinião
O triste fim da «rentrée»
O país está triste e derrama lágrimas de crocodilo.
Este ano, PS, PSD e PP uniram-se e as televisões não vão transmitir as melhores telenovelas da temporada: os comícios da «rentrée» política. Porque, pelos vistos, estas festas populares onde a classe política se unia a degustar torresmos, tremoços e frango assado, já não são fundamentais para o anúncio das ideias bombásticas.
Os comícios da «rentrée» foram substituídos pelos directos do telejornal das oito da noite. Os próprios políticos agradecem. A solidão do poder é mais perfumada que o cheiro das sardinhas assadas.
Este ano a «rentrée» política vai ser transferida para os concertos de Madonna em Lisboa. Aí os políticos podem sentar-se a vê-la, enquanto são fotografados por revistas sociais. O país ganhará em termos de sanidade: ninguém perguntará o que eles irão fazer por Portugal mas, apenas, se Madonna é importante nas suas vidas.
A crise de popularidade da política está a tornar os políticos semelhantes aos «famosos». Não precisam de dizer coisas inteligentes. Necessitam apenas de aparecer na televisão e nas revistas cor-de-rosa.