Opinião
O ruído do regime
O regime vive à espera de algo que lhe tape os ouvidos. De um lado convive mal com o silêncio daqueles que, como Cavaco Silva, acreditam na poupança. Especialmente das palavras. Do outro dá-se pior com a gritaria das «corporações» que espalham palavras co
Pelo meio o Governo do PS ainda tem de temer que, se Mário Soares vencer as presidenciais, tenha de conviver com o que delicia este: falar sobre tudo e sobre nada. Cercado pelo ruído Sócrates deve estar a pedir um pouco de paz interna. Algo que poderá muito bem não acontecer.
Afinal Jorge Coelho já começou a elevar o tom da sua voz. E o próprio PS profundo, o que vive à sombra do chaparro das autarquias, após os previsíveis resultados eleitorais, deve comportar-se como a cantora Castafiore num palácio de cristal.
Mas agora o que mais deve preocupar Sócrates não é a política defensiva do Governo arquitectada no Parlamento por Augusto Santos Silva que se assemelha à Linha Maginot quando critica a oposição pela mesma coisa que o PS não fez antes das eleições.
É o «povo unido», de professores a polícias, que grita «mentirosos» aos membros do executivo. É um som ensurdecedor. Que mostra que Portugal prefere perecer a gritar, do que a mudar.