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03 de Agosto de 2007 às 13:59

O plano tecnológico deve fazer a volta a Portugal

Aí está a Presidência Portuguesa da União Europeia. Neste novo acto que o nosso país uma vez mais vai protagonizar, a oportunidade para algumas reflexões sobre os novos desafios que mais do que nunca estão em cima da mesa. Um tempo novo suscita novos para

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Consolidar os bons resultados, desenvolver novas soluções para o que correu menos bem.

Em tempo de Agenda de Lisboa, o Plano Tecnológico está mais do que nunca na ordem do dia. Marca o ritmo da ambição de quem quer subir de forma clara no difícil ranking da competitividade, inovação e qualificação, as novas bandeiras da liderança no Mundo. Fazer do Conhecimento a matriz estratégica duma Plataforma Secular que se quer reencontrar nas fronteiras da Modernidade é a única aposta possível para um Portugal que não pode deixar fugir a oportunidade. Por isso, em 2007, tendo por mote a nova Presidência, o Plano Tecnológico deve ter a ambição, como Agenda de Mudança, de dar a Volta a Portugal e estabelecer um “diálogo aberto” de discussão do futuro com os cidadãos deste país.

Um Plano para os Cidadãos

A Volta a Portugal que o Plano Tecnológico ao fim deste ano e meio de implantação deve protagonizar tem que se assumir acima de tudo como um Fórum Aberto de clarificação das apostas concretas que a Política Pública, em articulação com os diferentes Actores da Sociedade Civil, deve definir em sede do modelo de desenvolvimento económico e social para o território. Não se pode ter mais do mesmo e o tempo é de mudança ao nível da definição dos Pólos de Competitividade que devem ser seleccionados e dos recursos efectivos que devem ser alocados a uma estratégia voltada para a criação de valor centrada na inovação e conhecimento.

O diagnóstico é claro. Não há outro caminho a seguir. Contudo, importa ser muito objectivo quanto aos resultados alcançados e repensar, quando necessário, a estratégia e os instrumentos utilizados. Nesta matéria, a análise atenta do que se tem passado no nosso país suscita conclusões muito claras:

– O modelo de criação de valor na maior parte dos sectores económicos do país continua a enfermar da falta de “leitura” estratégica dos novos drivers do crescimento – a “mecânica” de Porter e de outros discípulos da competitividade ainda não está suficientemente internalizada na prática da maior parte das empresas que a montante (utilização de recursos) e jusante (integração nos circuitos comerciais internacionais) patenteiam ainda falhas estruturais incompreensíveis;

– A dimensão social do paradigma nacional está esgotada. Novos desafios exigem soluções pragmáticas e claramente que a integração social e fomento da empregabilidade, próprios duma sociedade justa e equilibrada, têm que assentar na sustentabilidade do mercado económico e não (apenas) em dinâmicas artificiais de política pública meramente conjunturais. A justiça social potenciada pelo emprego tem que assentar na capacidade dos actores sociais criarem aquilo que recebem, para que o sistema funcione de forma sustentada;

– A aposta na Inovação Tecnológica tem que ser lida a partir do mercado e da fase final da Cadeia de Valor. Criar novos produtos e serviços, melhorar processos, qualificar a utilização dos circuitos internacionais, dando-lhes dimensão e escala, é o caminho exigido por quem procura. Continua a haver uma utilização inadequada de recursos e esforço em I&D a partir da Oferta, quando o pragmatismo da Economia Global o que exige é respostas claras, atempadas e marcadas pela criatividade.

– A relação dos Cidadãos com o Estado tem que de uma vez por todas ser clara, transparente e eficaz. Numa sociedade sem tempo, exigem-se respostas rápidas, simples e sobretudo potenciadoras do “valor” mais importante que é a noção da qualidade de vida no exercício do direito da cidadania. Por isso, importa qualificar e sustentar essa relação, cabendo ao Estado o papel central de criação das condições de salvaguarda dessa relação.

Uma Agenda de Mobilização

Há por isso ainda um longo caminho a percorrer. Mantém-se a oportunidade do desígnio, a validade da “Ideia”. Não há claramente outra alternativa. Como também não há modelos únicos. Os sucessos irlandês e finlandês, tão marketizados a nível internacional, têm as suas valências endógenas que devem ser percebidas e internalizadas, mas há também que fazer assentar a riqueza do modelo global de inovação e crescimento de Portugal no “commitment” económica e socialmente possível entre as diversidades dos actores do território.

A capacidade dos actores da sociedade civil portuguesa protagonizarem uma atitude empreendedora na Economia Global é a chave da diferença. Na estratégia de afirmação das Cidades como espaços Dinâmicos de Criatividade, Competitividade e Coesão, na inteligência da articulação estratégia ente Empresas e Centros de Saber na procura de novas soluções para o mercado, estará a capacidade da União Europeia de mostrar que sabe o que quer. De ser respeitada pelos que estão na vanguarda e pelos que querem ter a sua oportunidade.

A prioridade está claramente na execução. Importa agora, mais do que nunca, criar as condições de efectiva implantação em cada um dos países dos objectivos propostos e sobretudo dar aos diferentes protagonistas da sociedade civil (Empresas, Universidades, Centros de Inovação) as condições práticas de efectiva operacionalização das suas diferentes acções. Não se pode correr o risco de fazer da “estratégia” uma mera bandeira política e de não conseguir que os cidadãos, seus beneficiários e protagonistas, a não “agarrem”, limitando dessa forma o desiderato global que se pretende para um Portugal voltado para o futuro.

Portugal não pode fugir ao desafio. Manuel Castells está mais do que nunca presente. É essencial reforçar níveis de cooperação, articular estratégias de actuação, partilhar apostas de criação de valor. É preciso dar ao conhecimento o seu papel central.

Há um tempo novo para o “Plano Tecnológico” Um desafio global de todos os que ainda acreditam num Portugal para o futuro. Uma oportunidade, única e decisiva, de construir uma Rede Global que faça deste país um admirável mundo novo onde vale a pena viver. Todos acreditamos no “Plano Tecnológico”. Como Agenda de Mudança, tem que estar presente em cada acto do dia-a-dia dos cidadãos deste país. Por isso, acreditamos e fazemos votos para que uma Volta a Portugal do Portugal Tecnológico seja mais um passo na afirmação de modernidade do país.

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