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O paradigma mudou

Nos anos 80 e parte dos 90, uma das vantagens que se apontavam à economia portuguesa, face à espanhola, era a flexibilidade do mercado de trabalho. Isto é, apesar de termos leis laborais inflexíveis, o mercado não as cumpria. Em momentos de crise económic

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Esta situação explicava a elevada taxa de desemprego espanhola quando comparada com a portuguesa.

O cenário parece ter mudado, a avaliar pelo Boletim Económico da Primavera do Banco de Portugal. Ali pode ler-se (pág. 35) que, "ao longo dos últimos anos, os salários reais revelaram uma reduzida sensibilidade à evolução do ciclo económico". Ou seja, parece que o mecanismo de "ajustamento automático", que tão bem servira a economia, desapareceu. Como explicar esta alteração?

Em 15 anos, o perfil da economia mudou muito. Por exemplo, os serviços ganharam peso à indústria. E era aqui que o ajustamento "automático" melhor funcionava: as fronteiras abertas obrigavam a moderar os preços dos bens transaccionáveis (aqueles sujeitos à concorrência externa), também pela via salarial.

Pelo contrário, como nos serviços (razoavelmente protegidos do exterior) a concorrência é menor, há menos pressão para moderar salários. Daí a rigidez de que fala o banco central. Moral da história: se a lei laboral não mudar, será muito difícil recuperar a competitividade perdida nos últimos dez anos.

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