Opinião
O Papel Higiénico de Kubrick
No fim de semana passado tive um pesadelo que não me vou esquecer enquanto viver. Vejam lá, meus queridos leitores, que sonhei que Michelito Lagravere, o jovem toureiro de onze anos de idade que está no Guiness por ter morto seis touros num...
No fim de semana passado tive um pesadelo que não me vou esquecer enquanto viver. Vejam lá, meus queridos leitores, que sonhei que Michelito Lagravere, o jovem toureiro de onze anos de idade que está no Guiness por ter morto seis touros num dia, se dirigiu à nossa Assembleia da República para tentar bater o seu record pessoal. Foi terrível, fazia lembrar o "Shining" de Kubrick, só que em vez de Jack Nicholson como herói (?) parecia assim uma coisa tipo manga japonesa. Ainda hoje me arrepio a rever mentalmente a colecção de orelhas que, no meu sonho, o Michelito exibia na escadaria de S. Bento.
Resolvi então, para mais facilmente esquecer, ir em busca de coisas extraordinárias ou, pelo menos, invulgares, para desanuviar a mente, e foi assim que dei de caras com o concurso de vestidos de noiva em papel higiénico. Palavra de honra, meus queridos leitores, que não estou a "mangar" ou a "reinar" convosco, podem confirmar na Cheap Chic Weddings.com que o que vos conto é bem verdade. Este concurso já vai na sua quinta edição anual e desta vez foi ganho - parece incrível - pela Senhora Kagawa, do Hawai: é caso para dizer que não poderia haver melhor vencedora. Para aqueles de vós que quiserem ver em pessoa a nossa rainha do papel higiénico e o seu vestido, tenham cuidado para não a confundir na vossa busca com a cidade japonesa de Kagawa, perto de Okayama e não muito longe de Hiroshima.
Pois é, meus amigos, o trabalho de Kagawa com papel higiénico é notável, não falta nada. É de se lhe tirar o chapéu, que, aliás, ela também fez e em papel higiénico, claro. Consta que a única pessoa que não ficou feliz foi o marido, que quando recebeu a conta do supermercado terá comentado: "que "porcaria" é esta?" E estes dotes da senhora são únicos na família, pois a prima de Kagawa, a Senhora Kagada, também participou no concurso mas ficou em último lugar. Aqueles de vós que forem à Internet fazer uma busca, tomem também aqui cuidado, desta feita para não darem com um conglomerado coreano-japonês, a Kagada Corporation, com sede na ilha de Kumaroto.
Mas, reflecti, porque é que alguém faria um vestido de noiva em papel higiénico? Imaginem que chovia no casamento, já pensaram no pandemónio que seria? E quanto tempo durará um vestido destes? Não muito, de certeza. Porém, senti aqui que estava a ser injusto, qualquer homem de Ciência admite que, se olhamos para os custos, também devemos ponderar os benefícios, e é verdade que se a noiva não gostar do trabalho pode sempre limpar o rabo ao vestido. Agora, o que me parece ser a principal vantagem é que este é de facto um vestido de noiva concebido para tempos de crise e 100% eculógico (neste caso não se deve dizer "verde").
E foi neste preciso momento que percebi que estamos perante um negócio com grande potencial. Pena foi o nosso Ministro ter sido demitido, senão já estou a ver daqui nascer o cluster industrial (neste caso, deveria talvez chamar-se o clister) do papel higiénico, que daria projecção internacional a várias empresas portuguesas e um empurrão forte à nossa indústria do papel. Até já imagino o nome do programa de apoio à indústria do papel higiénico: o Ólepeiper.
Porém, há que avançar depressa, antes que Hawai ou Japão se antecipem. O Estado deveria dar o exemplo, os nossos deputados à cabeça. Já imaginaram o que seria se os seus fatos fossem em papel higiénico? As discussões rasgadas que se teriam na Câmara? E os livros de ponto em papel higiénico, para os nossos deputados pudessem trocar entre si como saudação matinal "já assináste aquela "coisa"?" E as minutas das sessões impressas em papel higiénico para que nem as traças lhes peguem? Mas depois lembrei-me que, com o desenvolvimento desta nova indústria, só num sítio os deputados não encontrariam papel higiénico: nas casas de banho. Então, imaginando as consequências, resolvi ir pensar noutra coisa.
Frederico Bastião é Professor de Teoria Económica das Crises na Escola de Altos Estudos das Penhas Douradas. Quando perguntámos a Frederico o que acha da demissão do Ministro da Economia, Frederico respondeu: "Uma injustiça! Durante mais de um ano a oposição acusou o governo de arrogância e de nem um gesto fazer à oposição, e agora que um ministro faz um, é demitido!"
Resolvi então, para mais facilmente esquecer, ir em busca de coisas extraordinárias ou, pelo menos, invulgares, para desanuviar a mente, e foi assim que dei de caras com o concurso de vestidos de noiva em papel higiénico. Palavra de honra, meus queridos leitores, que não estou a "mangar" ou a "reinar" convosco, podem confirmar na Cheap Chic Weddings.com que o que vos conto é bem verdade. Este concurso já vai na sua quinta edição anual e desta vez foi ganho - parece incrível - pela Senhora Kagawa, do Hawai: é caso para dizer que não poderia haver melhor vencedora. Para aqueles de vós que quiserem ver em pessoa a nossa rainha do papel higiénico e o seu vestido, tenham cuidado para não a confundir na vossa busca com a cidade japonesa de Kagawa, perto de Okayama e não muito longe de Hiroshima.
Mas, reflecti, porque é que alguém faria um vestido de noiva em papel higiénico? Imaginem que chovia no casamento, já pensaram no pandemónio que seria? E quanto tempo durará um vestido destes? Não muito, de certeza. Porém, senti aqui que estava a ser injusto, qualquer homem de Ciência admite que, se olhamos para os custos, também devemos ponderar os benefícios, e é verdade que se a noiva não gostar do trabalho pode sempre limpar o rabo ao vestido. Agora, o que me parece ser a principal vantagem é que este é de facto um vestido de noiva concebido para tempos de crise e 100% eculógico (neste caso não se deve dizer "verde").
E foi neste preciso momento que percebi que estamos perante um negócio com grande potencial. Pena foi o nosso Ministro ter sido demitido, senão já estou a ver daqui nascer o cluster industrial (neste caso, deveria talvez chamar-se o clister) do papel higiénico, que daria projecção internacional a várias empresas portuguesas e um empurrão forte à nossa indústria do papel. Até já imagino o nome do programa de apoio à indústria do papel higiénico: o Ólepeiper.
Porém, há que avançar depressa, antes que Hawai ou Japão se antecipem. O Estado deveria dar o exemplo, os nossos deputados à cabeça. Já imaginaram o que seria se os seus fatos fossem em papel higiénico? As discussões rasgadas que se teriam na Câmara? E os livros de ponto em papel higiénico, para os nossos deputados pudessem trocar entre si como saudação matinal "já assináste aquela "coisa"?" E as minutas das sessões impressas em papel higiénico para que nem as traças lhes peguem? Mas depois lembrei-me que, com o desenvolvimento desta nova indústria, só num sítio os deputados não encontrariam papel higiénico: nas casas de banho. Então, imaginando as consequências, resolvi ir pensar noutra coisa.
Frederico Bastião é Professor de Teoria Económica das Crises na Escola de Altos Estudos das Penhas Douradas. Quando perguntámos a Frederico o que acha da demissão do Ministro da Economia, Frederico respondeu: "Uma injustiça! Durante mais de um ano a oposição acusou o governo de arrogância e de nem um gesto fazer à oposição, e agora que um ministro faz um, é demitido!"
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