Quando é o ministro das Finanças que tem de vir dizer que uma funcionária pode ficar em casa, depois de uma junta médica da Caixa Geral de Aposentações a ter mandado trabalhar, apesar das suas notórias incapacidades físicas, é porque este é um sítio sinistro. Os fantasmas, em Portugal, mandam mais do que os ministros. Os fantasmas das juntas médicas não são eleitos: alguém os nomeia. A sua função é simples: só um determinado número de pessoas pode passar à reforma por ano. Este é o país economicista no seu pior, onde os números se sobrepõem aos valores. O certo é que ninguém sabe quem são estas pessoas, imunes a tudo o que fazem e que, pelos vistos, gozam de impunidade total. Não é nada em que sejam diferentes de entidades como a Administração-Geral do Porto de Lisboa. Entravam a cidade e as zonas limítrofes do Tejo como se este fosse uma coutada. A CML protesta, mas alguém os nomeia. Quem são e de onde provém o seu poder? São mais uma sociedade secreta que, como por exemplo, no Barreiro, controla várias ruas junto ao rio e têm a última palavra sobre as casas que podem ser recuperadas. Empedernidos, não permitem mudanças, mas depois surgem ali monos que a AGPL permite. Este é o país dos fantasmas que não são eleitos: elegem-se. Algum dia alguém conseguirá ser um Caça-Fantasmas?