Opinião
O grande circo da Bolsa
Quando alguém começa a investir em Bolsa, mesmo reconhecendo a sua falta de experiência, acredita conseguir identificar e perceber o papel de uma série de pessoas e entidades que estão envolvidas no mundo dos mercados.
Quando alguém começa a investir em Bolsa, mesmo reconhecendo a sua falta de experiência, acredita conseguir identificar e perceber o papel de uma série de pessoas e entidades que estão envolvidas no mundo dos mercados.
Contudo, após alguns anos, o investidor começa a perceber que os papéis não são tão claros assim, coloca em causa as ideias que tinha e – finalmente - entende o verdadeiro papel dos actores, naquilo a que costumo apelidar de “Grande circo da Bolsa”.
Quero, no entanto, frisar que há excepções a este padrão que identifico e são esses aqueles que têm verdadeiro valor neste circo.
As corretoras
Quando alguém se inicia nos mercados financeiros, olha para as corretoras como uma entidade prestadora de serviços, procurando de uma forma imparcial assegurar a satisfação das necessidades do investidor. Mas, à medida que vão pedindo aconselhamento junto dos corretores, começam a perceber que na maior parte das vezes é incentivada a negociação, mesmo em momentos muito calmos do mercado.
As corretoras incentivam os investidores a negociar, tentando maximizar as suas comissões. O mais claro exemplo disto é a forma como as corretoras tentam massificar o “daytrading”, com publicidade muito agressiva, quase que levando a pensar que é isso que vai garantir o sucesso aos investidores.
Os jornalistas
“Os jornalistas que cobrem a bolsa sabem do que falam e é obrigatório lê-los diariamente para entender os movimentos do mercado”, é isto que acredita um investidor que está a dar os primeiros passos no mercado. Contudo, quanto mais percebe dos mercados mais fica revoltado com algumas notícias que lê.
Os jornalistas que escrevem sobre os mercados são pagos para produzir notícias e comentários. É esse o seu papel, mesmo nos momentos em que nada há para dizer. Há movimentos que não têm qualquer justificação teórica; simplesmente houve uma maior pressão compradora (ou vendedora) sem qualquer motivação lógica. Mas os jornalistas têm que inventar essa explicação, pois quem compra os jornais ou ouve a rádio, fá-lo para saber o porquê desses movimentos. A mente humana está sempre à procura de explicações para tudo. Mesmo para aquilo que não tem explicação.
As empresas
A ideia de que as empresas cotadas em Bolsa apenas condicionam o mercado pelos seus resultados e desempenho está longe de ser verdadeira. Cada vez mais, as empresas influenciam os mercados pela forma como comunicam e pela escolha dos momentos adequados para o fazer.
Em Portugal, ainda estamos longe da perfeição em termos da gestão das notícias, mas já há algumas empresas que são mestres na arte de escolher a altura certa para divulgar as notícias.
As Bolsas
Talvez tenha sido sobre esta entidade que há menos tempo mudei o meu pensamento desde que comecei a interessar-me pelos mercados. Até há bem pouco tempo, acreditava que as entidades gestoras das Bolsas faziam tudo para promover a difusão da informação e assegurar que um cada vez maior número de investidores fosse captado para o mercado.
Mas quando, por exemplo, um site financeiro quer disponibilizar cotações em tempo real para os seus utilizadores, as Bolsas exigem uma quantia muito elevada, é sinal que esse está longe de ser o objectivo. Aliás, não é por acaso que muitas das corretoras on-line portuguesas, está a deixar de fornecer cotações em tempo real de uma forma gratuita.
Os analistas
Quando alguém começa a dar os primeiros passos nos mercados financeiros, procura avidamente as análises das mais prestigiadas casas de investimento, fixando o seu olhar nos preços alvos por eles apontados. Contudo, a maior parte das vezes percebem que as análises muitas vezes são distorcidas e produzem maus resultados.
Os últimos anos são exemplos claros das falhas dessas análises e alguns escândalos ocorridos mostraram que muitas análises produzidas não são imparciais. Os “downgrades”, “upgrades” e preços alvo muitas vezes são fruto dos interesses dessas casas de investimento.
Os investidores
O investidor, afinal de contas, é aquele que vai pagar o preço de tudo isto. É ele que compra os jornais para ler as notícias dos mercados, paga as taxas de bolsa, compra os “researchs” e paga as comissões de corretagem.
É ele que alimenta o grande circo da bolsa, é ele que tem que pagar o espectáculo à custa do qual sobrevive muita gente. Claro que, com uma estratégia correcta, ele poderá ganhar muito dinheiro nos mercados mas tem que estar consciente que, à partida, começa logo em desvantagem.
“The show must go on”.
Comente aqui o artigo de Ulisses Pereira
Contudo, após alguns anos, o investidor começa a perceber que os papéis não são tão claros assim, coloca em causa as ideias que tinha e – finalmente - entende o verdadeiro papel dos actores, naquilo a que costumo apelidar de “Grande circo da Bolsa”.
As corretoras
Quando alguém se inicia nos mercados financeiros, olha para as corretoras como uma entidade prestadora de serviços, procurando de uma forma imparcial assegurar a satisfação das necessidades do investidor. Mas, à medida que vão pedindo aconselhamento junto dos corretores, começam a perceber que na maior parte das vezes é incentivada a negociação, mesmo em momentos muito calmos do mercado.
As corretoras incentivam os investidores a negociar, tentando maximizar as suas comissões. O mais claro exemplo disto é a forma como as corretoras tentam massificar o “daytrading”, com publicidade muito agressiva, quase que levando a pensar que é isso que vai garantir o sucesso aos investidores.
Os jornalistas
“Os jornalistas que cobrem a bolsa sabem do que falam e é obrigatório lê-los diariamente para entender os movimentos do mercado”, é isto que acredita um investidor que está a dar os primeiros passos no mercado. Contudo, quanto mais percebe dos mercados mais fica revoltado com algumas notícias que lê.
Os jornalistas que escrevem sobre os mercados são pagos para produzir notícias e comentários. É esse o seu papel, mesmo nos momentos em que nada há para dizer. Há movimentos que não têm qualquer justificação teórica; simplesmente houve uma maior pressão compradora (ou vendedora) sem qualquer motivação lógica. Mas os jornalistas têm que inventar essa explicação, pois quem compra os jornais ou ouve a rádio, fá-lo para saber o porquê desses movimentos. A mente humana está sempre à procura de explicações para tudo. Mesmo para aquilo que não tem explicação.
As empresas
A ideia de que as empresas cotadas em Bolsa apenas condicionam o mercado pelos seus resultados e desempenho está longe de ser verdadeira. Cada vez mais, as empresas influenciam os mercados pela forma como comunicam e pela escolha dos momentos adequados para o fazer.
Em Portugal, ainda estamos longe da perfeição em termos da gestão das notícias, mas já há algumas empresas que são mestres na arte de escolher a altura certa para divulgar as notícias.
As Bolsas
Talvez tenha sido sobre esta entidade que há menos tempo mudei o meu pensamento desde que comecei a interessar-me pelos mercados. Até há bem pouco tempo, acreditava que as entidades gestoras das Bolsas faziam tudo para promover a difusão da informação e assegurar que um cada vez maior número de investidores fosse captado para o mercado.
Mas quando, por exemplo, um site financeiro quer disponibilizar cotações em tempo real para os seus utilizadores, as Bolsas exigem uma quantia muito elevada, é sinal que esse está longe de ser o objectivo. Aliás, não é por acaso que muitas das corretoras on-line portuguesas, está a deixar de fornecer cotações em tempo real de uma forma gratuita.
Os analistas
Quando alguém começa a dar os primeiros passos nos mercados financeiros, procura avidamente as análises das mais prestigiadas casas de investimento, fixando o seu olhar nos preços alvos por eles apontados. Contudo, a maior parte das vezes percebem que as análises muitas vezes são distorcidas e produzem maus resultados.
Os últimos anos são exemplos claros das falhas dessas análises e alguns escândalos ocorridos mostraram que muitas análises produzidas não são imparciais. Os “downgrades”, “upgrades” e preços alvo muitas vezes são fruto dos interesses dessas casas de investimento.
Os investidores
O investidor, afinal de contas, é aquele que vai pagar o preço de tudo isto. É ele que compra os jornais para ler as notícias dos mercados, paga as taxas de bolsa, compra os “researchs” e paga as comissões de corretagem.
É ele que alimenta o grande circo da bolsa, é ele que tem que pagar o espectáculo à custa do qual sobrevive muita gente. Claro que, com uma estratégia correcta, ele poderá ganhar muito dinheiro nos mercados mas tem que estar consciente que, à partida, começa logo em desvantagem.
“The show must go on”.
Comente aqui o artigo de Ulisses Pereira
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