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O futuro do PS

O pior combate travado pelo PS não foi contra Pedro Passos Coelho e o PSD.

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Ao partido que José Sócrates secou ideologicamente, está reservado um corpo-a-corpo letal: consigo próprio. Durante os últimos anos o clube de amigos de Sócrates que ocupou a liderança do PS quis transformar-se no próprio Estado. Sócrates desejava ser Sandman, o homem-areia. Esteve quase a conseguir sê-lo. O PS de Sócrates moldaria o Estado e este moldaria o PS. O novo PS parecia ter ido beber o seu suco ideológico à "terceira via" de Tony Blair. Errado: queria apenas ser o Partido Revolucionário Institucional nacional. Sem o Estado, afastado Sócrates, o PS parece uma árvore seca: não tem ideias e vai ter de encontrar novamente uma fonte de juventude ideológica. Não está só. Em toda a Europa a esquerda que ocupou o centro e geriu a nova realidade da democracia de consumo global, esvaiu-se. Ficou sem forças e sem ideias. O PS não entendeu esta crise económica e o alçapão que ela colocou por debaixo de líderes de países mais frágeis. E Sócrates ficou preso por aquilo que o antigo ministro britânico, David Owen, chama o Síndrome da Presunção: deixou de escutar, só ouvindo aquilo que uma qualquer voz celestial lhe comunica. O PS reduziu a política democrática a um exercício de confrontação partidária, não ideológica, e isso leva a que se tenha dissolvido numa inexistência militante. Esta crise financeira colocou problemas aos partidos socialistas como nunca existiram: da anemia do Estado social ao desemprego galopante. Seco por Sócrates, o PS deixou de ter o elixir das respostas. Conseguirá encontrá-las?
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