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O erro de Geldof

Bob Geldof diz estar escandalizado porque nunca pensou ver, em 2008, a fome que viu em 1984 (quando organizou o Live Aid e captou 200 milhões de dólares para salvar da fome milhões de pessoas). É compreensível. Mas o problema é que o ex-cantor, com o seu

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Bob Geldof diz estar escandalizado porque nunca pensou ver, em 2008, a fome que viu em 1984 (quando organizou o Live Aid e captou 200 milhões de dólares para salvar da fome milhões de pessoas). É compreensível. Mas o problema é que o ex-cantor, com o seu modelo meramente "assistencialista", tem culpas no cartório. Senão vejamos.

Geldof citou os agricultores do sul da Etiópia, que nunca passavam fome: cultivavam café e com o produto da sua venda abasteciam-se de outras mercadorias. Só que este ano a fome chegou àquela região. Porquê? Porque os agricultores indonésios encheram o mercado de café 70% mais barato que o etíope?

É esta a falha de Geldof e de um sem número de organizações "assistencialistas": os indonésios têm direito a vender o seu café, barato; e o mundo tem o direito de o consumir. O que está mal é que ninguém ensinou aos etíopes que, se não são competitivos no café, têm de se virar para outras produções (visão "desenvolvimentista)".

O assistencialismo (apenas), como começa a ficar evidente, não elimina o problema da fome, adia-o. Porque não muda mentalidades. Enquanto não houver coragem para acabar com mercados agrícolas fechados e com sistemas subsidiados (como a PAC) estaremos a condenar à fome milhões de pessoas. Porque, apesar de produzirem a preços competitivos não têm livre acesso aos mercados ricos. Chama-se a isto exportar miséria. Que hipocrisia!

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