Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
11 de Outubro de 2000 às 19:29

«O E-Learning»

As novas tecnologias penetraram nas sociedades de forma inequívoca e irreversível. Desde operações domésticas rotineiras, até vícios informáticos, a tecnologia entrou nos hábitos dos indivíduos.

Rui Paixão, Consultor Arq. Técnica, Case

  • ...
"Concebi a Web para um fim social, mais do que técnico"

Tim Berners-Lee

 As novas tecnologias penetraram nas novas sociedades de forma inequívoca e irreversível. Desde operações domésticas rotineiras, até aos vícios informáticos mais neuropsicóticos, a tecnologia entrou nos hábitos dos indivíduos, alterando a sua forma de estar, pensar, actuar, escrever e falar (que o digam os novos investigadores da neurolinguagem) e é hoje um companheiro quotidiano de cerca de 80% da população activa (contando com a classe estudantil).

Estes números que fazem-nos facilmente chegar a conclusões muito objectivas sobre o futuro a curto prazo das sociedades em geral, e dos mercados muito em particular.

A era da Economia Digital, dominada pela excelência do serviço ao cidadão, confirma as novas tecnologias como veículo prioritário do progresso socioeconómico, sendo cada vez maior o número de investimentos mundiais na área das tecnologias de informação. E cada vez mais a legislação sofre um deslocamento no sentido das novas tendências de mercado, o que revela uma clara aposta de integração de necessidades sociais e inovações tecnológicas.

Neste contexto emergiu a Internet (Web), como grande dinamizador e sedutor das tecnologias de informação junto do consumidor, ascendendo já ao interessante número de 300 milhões de utilizadores em todo o mundo, segundo dados da IDC (International Data Corporation) .

Como toda a "moda" e "novidade", a Web passou rapidamente a oportunidade de negócio e crescimento empresarial, servindo a muitas empresas para uma completa mutação organizacional, nomeadamente a nível processual, mutações essas que alteraram também os mercados, peculiarmente na forma de oferta e na relação fornecedor/cliente. A própria Microsoft anunciou já uma radical mudança no software a produzir, totalmente virado para a realidade Web, baseado na que denominam I.Net Architecture, alterando também a sua forma de comercializar esse mesmo software, substituindo o conceito e prática de licenciamento pela chamada assinatura de serviços; o próprio sistema operativo já tem o pomposo nome de Windows.Net e o bem nosso conhecido Office terá igualmente o acréscimo de .Net.

São três, os conceitos apontados como os grandes objectivos do negócio Web:

- Uma maior satisfação do Cliente;

- A melhoria da qualidade dos serviços;

- A oportunidade de desenvolver,  inovar e a criar, e assim criar oportunidades de crescimento de negócio.

Mudados produtos e serviços, mudados os mercados, mudadas as formas de produção (manual, mecânica, intelectual…) caminha-se para uma mudança social, que cada vez mais acentua a importância da informação e respectiva circulação, e onde cada vez mais o talento e a criatividade são instrumentos de sobrevivência, onde só interessam os "excepcionais", aqueles que reúnem um conjunto mais demarcado, qualitativamente, de competências.

Começamos, pois, a assistir a uma chuva de clichés, como E-recruitement, E-business, E-commerce (uma das mais recentes linhas de negócio da Case), E-finnancing, Webmarketing, Webadvertising, entre tantas outras, que quem não conhecer pode começar a sofrer a chamada infoexclusão, ou ser apontado como um iliterado informático.  

Pois é, os E"s não param de chegar, e agora o mais recente de todos o E-Learning ou E-Training.

Não é propriamente uma novidade ou inovação, mas sim uma aposta definitiva na Internet como veículo privilegiado de comunicação e processamento de informação.

Que a formação já era possível através de CD"s ou disquetes, já nos havíamos acostumado, mas que podíamos desenvolver cursos através da Internet, a qualquer hora do dia (ou noite), obtendo sempre feedback do outro lado é algo, de facto, demasiadamente prático para que não floresça em termos de oferta/procura e, sobretudo, negócio.

Esta aposta ganha fortes patrocinadores por parte das grandes multinacionais de tecnologias de informação. Exemplo disto é o recente investimento que a Big Blue (IBM) e a Lotus fizeram para explorar este novo modelo de negócio. Segundo os responsáveis, a grande vantagem encontra-se no facto dos conteúdos poderem ser elaborados à medida de empresas e formandos, permitindo aos mesmos uma mais eficaz gestão de tempo e recursos.

Existem razões muito concretas para o sucesso deste negócio que, para além da sua componente formativa e didáctica, também suporta serviços de consultoria (talvez um futuro mercado?) e que são as vantagens imediatas que advêm desta prática:

- Acessibilidade permanente;

- Qualidade crescente, já que se trata dum processo evolutivo baseado na participação biunívoca;

- Enfoque na comunicação bidireccional;

- Possibilidade de uma economia de custos;

- Produtividade do recurso potenciada em paralelo com a acção de formação;

- Ritmos próprios de formação, possibilitando em certos casos uma maior rapidez de formação.

Num mercado que, cada vez mais, procura os profissionais de excelência e talento, este pode bem ser um modelo de formação vantajoso para as empresas que se modernizam e para os ambiciosos profissionais, que pretendem extrapolar limites do próprio desenvolvimento pessoal.

Não posso deixar de mostrar um quadro de relações e referências que Lutz (1994) construiu, tendo como eixos temáticos a Empregabilidade e a Adaptabilidade, a que o autor chamou o "Novo Profissionalismo".

O carácter de desenvolvimento  intelectual do homem conhece, hoje em dia, ferramentas e meios que lhe permitem um desenvolvimento sem precedentes em termos de tratamento de informação e progresso científico-cultural.

Talento, inovação e criatividade, aliadas a uma competência crescente, são pois, ferramentas cada vez mais presentes na captação e desenvolvimento de oportunidades de negócio, que podem passar pela criação dos E"s necessários a todos - fornecedores e clientes. Estamos na era da Inteligência Emocional versus Q.I..

Rui Paixão

Consultor de Arquitectura Técnica da Case

http://www.case.pt

Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio