Opinião
«O E-Learning»
As novas tecnologias penetraram nas sociedades de forma inequívoca e irreversível. Desde operações domésticas rotineiras, até vícios informáticos, a tecnologia entrou nos hábitos dos indivíduos.
Rui Paixão, Consultor Arq. Técnica, Case
Tim Berners-Lee
As novas tecnologias penetraram nas novas sociedades de forma inequívoca e irreversível. Desde operações domésticas rotineiras, até aos vícios informáticos mais neuropsicóticos, a tecnologia entrou nos hábitos dos indivíduos, alterando a sua forma de estar, pensar, actuar, escrever e falar (que o digam os novos investigadores da neurolinguagem) e é hoje um companheiro quotidiano de cerca de 80% da população activa (contando com a classe estudantil).
Estes
números que fazem-nos facilmente chegar a conclusões muito objectivas sobre o
futuro a curto prazo das sociedades em geral, e dos mercados muito em particular.
A
era da Economia Digital, dominada pela excelência do serviço ao cidadão,
confirma as novas tecnologias como veículo prioritário do progresso socioeconómico,
sendo cada vez maior o número de investimentos mundiais na área das
tecnologias de informação. E cada vez mais a legislação sofre um
deslocamento no sentido das novas tendências de mercado, o que revela uma clara
aposta de integração de necessidades sociais e inovações tecnológicas.
Neste
contexto emergiu a Internet (Web), como grande dinamizador e sedutor das tecnologias de informação
junto do consumidor, ascendendo já ao interessante número de 300 milhões de
utilizadores em todo o mundo, segundo dados da IDC (International Data
Corporation)
Como
toda a "moda" e "novidade", a Web
passou rapidamente a oportunidade de negócio e crescimento empresarial,
servindo a muitas empresas para uma completa mutação organizacional,
nomeadamente a nível processual, mutações essas que alteraram também os
mercados, peculiarmente na forma de oferta e na relação fornecedor/cliente.
A própria Microsoft anunciou já uma radical mudança no software a produzir, totalmente virado para a realidade Web,
baseado na que denominam I.Net
Architecture, alterando também a sua forma de comercializar esse mesmo software,
substituindo o conceito e prática de licenciamento pela chamada assinatura de
serviços; o próprio sistema operativo já tem o pomposo nome de Windows.Net e o bem nosso conhecido Office terá igualmente o acréscimo de .Net.
São
três, os conceitos apontados como os grandes objectivos do negócio Web:
-
Uma maior satisfação do Cliente;
-
A melhoria da qualidade dos serviços;
-
A oportunidade de desenvolver, inovar e a criar, e assim criar oportunidades de crescimento
de negócio.
Mudados produtos e serviços, mudados os mercados, mudadas as formas de produção (manual, mecânica, intelectual…) caminha-se para uma mudança social, que cada vez mais acentua a importância da informação e respectiva circulação, e onde cada vez mais o talento e a criatividade são instrumentos de sobrevivência, onde só interessam os "excepcionais", aqueles que reúnem um conjunto mais demarcado, qualitativamente, de competências.
Começamos,
pois, a assistir a uma chuva de clichés, como E-recruitement, E-business,
E-commerce (uma das mais recentes linhas de negócio da Case), E-finnancing,
Webmarketing, Webadvertising, entre tantas outras, que quem não conhecer pode
começar a sofrer a chamada infoexclusão, ou ser apontado como um iliterado
informático.
Pois
é, os E"s não param de chegar, e agora o mais recente de todos o E-Learning ou
E-Training.
Não
é propriamente uma novidade ou inovação, mas sim uma aposta definitiva na
Internet como veículo privilegiado de comunicação e processamento de informação.
Que
a formação já era possível através de CD"s ou disquetes, já nos havíamos
acostumado, mas que podíamos desenvolver cursos através da Internet, a
qualquer hora do dia (ou noite), obtendo sempre feedback do outro lado é algo,
de facto, demasiadamente prático para que não floresça em termos de oferta/procura
e, sobretudo, negócio.
Esta
aposta ganha fortes patrocinadores por parte das grandes multinacionais de
tecnologias de informação. Exemplo disto é o recente investimento que a Big
Blue (IBM) e a Lotus fizeram para explorar este novo modelo de negócio. Segundo
os responsáveis, a grande vantagem encontra-se no facto dos conteúdos poderem
ser elaborados à medida de empresas e formandos, permitindo aos mesmos uma mais
eficaz gestão de tempo e recursos.
Existem
razões muito concretas para o sucesso deste negócio que, para além da sua
componente formativa e didáctica, também suporta serviços de consultoria
(talvez um futuro mercado?) e que são as vantagens imediatas que advêm desta
prática:
-
Acessibilidade
permanente;
- Qualidade
crescente, já que se trata dum processo evolutivo baseado na participação
biunívoca;
- Enfoque
na comunicação bidireccional;
- Possibilidade
de uma economia de custos;
- Produtividade
do recurso potenciada em paralelo com a acção de formação;
- Ritmos próprios de formação, possibilitando em certos casos uma maior rapidez de formação.
Num
mercado que, cada vez mais, procura os profissionais de excelência e talento,
este pode bem ser um modelo de formação vantajoso para as empresas que se
modernizam e para os ambiciosos profissionais, que pretendem extrapolar limites
do próprio desenvolvimento pessoal.
Não
posso deixar de mostrar um quadro de relações e referências que Lutz (1994)
construiu, tendo como eixos temáticos a Empregabilidade e a
Adaptabilidade,
a que o autor chamou o "Novo Profissionalismo".
O carácter de desenvolvimento intelectual do homem conhece, hoje em dia, ferramentas e meios que lhe permitem um desenvolvimento sem precedentes em termos de tratamento de informação e progresso científico-cultural.
Talento,
inovação e criatividade, aliadas a uma competência crescente, são pois,
ferramentas cada vez mais presentes na captação e desenvolvimento de
oportunidades de negócio, que podem passar pela criação dos E"s necessários
a todos - fornecedores e clientes. Estamos na era da Inteligência Emocional
versus Q.I..
Rui
Paixão
Consultor de Arquitectura Técnica da Case
http://www.case.pt