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O concubinato

É costume resumir as críticas ao poder autárquico às rotundas e pavilhões desportivos que brotaram pelo país fora. A verdade é que, em 30 anos, o poder local fez mais (e melhor) do que isso.

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É costume resumir as críticas ao poder autárquico às rotundas e pavilhões desportivos que brotaram pelo país fora. A verdade é que, em 30 anos, o poder local fez mais (e melhor) do que isso.

O problema é que não se fez depender o financiamento das autarquias (e regiões autónomas) da conjuntura económica do país. Esse financiamento, como se sabe, é determinado com base nos impostos cobrados pelo Fisco. Até aí nada de errado. Só que os mecanismos de transferência funcionam da mesma maneira... em momentos de "boom" e em momentos de "bust".

Há muito tempo que assim é, e há muito tempo que todos os intervenientes (administração central, autárquica e "autónoma") sabem que isto tem de mudar. E não muda porquê? Por causa do concubinato (é um eufemismo) entre as distritais dos partidos do Poder e os autarcas. De cada vez que o PSD ou o PS tentaram sujeitar as transferências financeiras ao menor ou maior aperto dos Orçamentos do Estado, foram torpedeados pelos dirigentes locais. É por isso que se vê tanto autarca a vociferar como se fosse chefe do Governo e tanto dirigente partidário, com responsabilidades, calado que nem um rato. Os "interesses cruzados" são tantos que, se a coisa rebenta, há gente que vai parar à cadeia. Vamos ver se, desta vez, a coisa muda.

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