Opinião
O choque socialista
O choque tecnológico, está provado, vai torrando sucessivos dirigentes do projecto. É uma descarga eléctrica de alta voltagem. Mas, enquanto isso sucede, o problema dos socialistas é a falta de energia.
O que deixa sem dormir os responsáveis do PS é o apagão que pode acontecer se, por um acaso do destino, Manuel Alegre tiver mais ou, simplesmente, um pouco menos de votos do que Mário Soares. Essa seria uma descarga eléctrica de que o PS não estaria à espera. Não é por acaso que alguns dos mais lúcidos dirigentes socialistas, Jorge Coelho, António Costa e António Vitorino, se têm desdobrado nos últimos dias pedindo a desistência dos outros candidatos de esquerda a favor de Soares. O verdadeiro problema do PS não é que Soares perca, na primeira ou na segunda volta, com Cavaco. É, simplesmente, a necessidade de ele ser de forma conclusiva o mais importante candidato da esquerda. Aquele a quem o núcleo duro do PS deu o apoio. Perder a face seria a pior coisa que poderia acontecer a Sócrates neste momento. Por causa de Soares, o Governo de Sócrates está à espera do choque tecnológico numa cadeira eléctrica. Tudo começa por ser política pura. Tudo acaba por ser uma questão de poder.
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