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Fernando Braga de Matos 28 de Novembro de 2008 às 14:22

Notas ecofinas

Nos anos 80, o reinado do Direito nas estruturas do poder, que perdurara por todo o tempo de república, cedeu passo, e ascenderam os economistas. Até apareceu de imediato a anedota alusiva: Um praticante de desportos radicais, apanhado no seu balão por um ciclone, vai arrastado pelos ares, perdendo qualquer orientação e acabando por cair num milheiral. Vê ao longe um passeante e pergunta-lhe, gritando: "por favor diga-me onde estou".

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O homem responde: "Você encontra-se num cesto de balão, no meio de espigas de milho, envolto num tecido sintético vermelho, azul e branco". Volta o do balão: "O amigo é economista?". "Realmente sou, mas como adivinhou?!", replica o transeunte. "É que me deu uma informação absolutamente exacta e completamente inútil", explica o primeiro.

A verdade, afinal é bem diferente, porque se há matéria para economista é a da previsão. E até, em geral, não são grande coisa, acabam por se transformar num lote de revisões. Todos sabemos como um elevado grande grau de incerteza e falta de visibilidade para o longo prazo, pelo menos, dá uma desculpa para a pobreza das antevisões, vivificando a famosa frase de que "é muito difícil prever principalmente para o futuro".

Por isso dizia um analista, um desses atletas dos "price targets", que "se não somos bons a prever os resultados, é porque os economistas não são bons a prever a economia".

Enfim… talvez o método ganhador ainda seja o da astrologia.

Não vi hoje o meu signo no jornal, por isso vou um pouco às cegas. Mas que dei uma olhada técnica nos índices bolsistas mundiais, isso dei, à procura do almejado fundo das Bolsas.

Perfilho a opinião de que a análise técnica, sem prescindir da análise fundamental, é de grande valia para análise do mercado, globalmente entendido.

Hoje em dia não basta nesta análise ver uma única Bolsa, pois, com a correlação fortíssima que existe entre elas, há que obter confirmações nas outras mais importantes, tanto mais que um grande número de movimentos ocorrem por simpatia com o que se passa noutras paragens mais influentes. Por isso, fui não só ao PSI-20 mas também ao Dow e ao Footsie, vendo uma possibilidade de fundo duplo em todas três, com confirmação pelos altos volumes (relativos) no 2º fundo e ainda um interessante momentum ascendente.

Não acredito na próxima recuperação das bolsas, como referi e sumariamente justifiquei na semana passada. Mas, no lado técnico, as coisas podem estar a indiciar uma base para o "upturn". Estará desenhado o "casco" respectivamente pelos 8.000, 6.000 e 4.000 pontos? Dizia há dias um comentador na Bloomberg que a situação dava para pensar que só é preciso um safanão de ânimo para a tendência descendente quebrar. Mas também acrescentava, segundo o grande princípio "uma no cravo, outra na ferradura", que as coisas lhe lembravam a bateria morta dum automóvel. Até estive para lhe dizer: "Nesse caso pega de empurrão".

Deixando os palpites, regresso aos economistas, em particular o que está ao leme do Banco de Portugal, Vítor Constâncio de seu nome, que, em vibrante figura de retórica, nesta semana, se considera vítima de um "linchamento profissional", devido aos comentários que se lhe vão colando a propósito do já famigerado caso BPN.

Quem o criticou (eu incluído), tanto quanto vi, não verberou a não descoberta de crime, mas a passividade. Se desde 2001 até um revista séria dava pistas, então isso não é de fazer mexer o governador, que agora se defende com a falta de resposta por parte dos infractores? Então para que serve a regulação e vigilância? Não é necessariamente descobrir os potenciais trangessores, mas é, de certeza, pôr os esbirros em campo.

Constâncio, que se prestou ao "número" Luis de Matos do défice virtual de 6,8%, com o ridículo de o apresentar até às centésimas, tem que ter a pele mais grossa. Com o que "empocha" bem pode ir ao dermatologista.

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