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17 de Maio de 2002 às 11:08

Mário Figueira: À procura de «standards» para o e-Learning

O governo americano lançou um projecto com o objectivo de encontrar a convergência entre as diferentes especificações existentes e criar uma norma para os conteúdos de «e-Learning» – o SCORM.

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Quando estamos a implementar ou a conceber um projecto de «e-Learning» quantas vezes não nos defrontamos com as seguintes questões: O conteúdo de «e-Learning» pode ser utilizado em diferentes plataformas tecnológicas (LMS)? Pode ser re-utilizado num outro curso?

Estas questões assumem uma importância vital nos investimentos em «e-Learning». Para ajudar na sua resposta existem actualmente vários esforços de normalização de conteúdos. Destacam-se as iniciativas de origem americana AICC, IMS, IEEE e SCORM. Neste campo surgem também tímidas apostas europeias incentivadas pelo CEDEFOP e pela Comissão Europeia através da iniciativa «eLearning». As especificações AICC são as mais antigas e ligadas à indústria aeronáutica. São especificações que nasceram com os conteúdos educativos para CDROM, tradicionalmente utilizados na formação dos técnicos desta indústria. O IMS e IEEE são projectos ligados respectivamente à indústria de «software» e «hardware». Com toda esta complexa teia de especificações, o governo americano decidiu lançar um projecto com o objectivo de encontrar a convergência entre as diferentes especificações existentes e criar uma norma para os conteúdos de «e-Learning». Esse projecto designa-se SCORM – «Sharable Content Object Reference Model».


O projecto SCORM

O SCORM é um conjunto de especificações para o desenvolvimento, empacotamento e distribuição de conteúdos educativos. Os conteúdos em conformidade com o SCORM garantem a optimização dos investimentos efectuados pelos seguintes factores:

Re-utilização. Os conteúdos podem ser facilmente modificados e re-combinados para dar origem a novos cursos. Podem ser utilizados por diferentes ferramentas de desenvolvimento não ficando dependentes de determinadas opções tecnológicas.

Acessibilidade. Podem ser pesquisados e disponibilizados à medida que são necessários quer pelos utilizadores, quer pelos produtores de conteúdos.

Inter-operabilidade. Funcionam numa grande variedade de «hardware», sistemas operativos e «browsers» Internet.

Durabilidade. Não necessitam de significativas alterações resultado do aparecimento de novas versões dos «softwares».

O SCORM é o embrião de uma norma resultante de uma iniciativa do governo americano designado por «Advanced Distributed Learning» (ADL). Em Novembro de 1997, o Departamento de Defesa e o Gabinete de Ciência e Tecnologia da Casa Branca lançaram a iniciativa ADL com o grande objectivo de permitir o acesso a materiais pedagógicos de alta qualidade para educação e formação, que fossem facilmente adequados às necessidades do aprendente e disponibilizados no local e hora em que fossem necessários. Embora sendo uma iniciativa governamental, houve desde o início a preocupação de envolver os meios empresarial e académico. De facto, as especificações SCORM resultam da conjugação de especificações já existentes e desenvolvidas por organizações internacionais como o AICC, ARIADNE, IEEE e IMS.


A iniciativa ADL tem como objectivos:

– permitir o acesso a materiais de educação e formação de alta qualidade e à medida das necessidades do aprendente;

– disponibilizar estes materiais quando e onde forem necessários;

– acelerar o desenvolvimento de «software» para aprendizagem em larga escala;

– criar mercado para estes produtos.


A estratégia para atingir estes objectivos é:

– facilitar o desenvolvimento de um «standard» para a educação tecnológica;

– impulsionar o desenvolvimento das tecnologias emergentes baseadas na Internet;

– Promover a colaboração baseada em necessidades comuns;

– trabalhar com a indústria para influenciar o desenvolvimento comercial destes produtos.

A visão da ADL é uma economia do conhecimento baseada em redes de aprendizagem e redes de comunicação que permitam a distribuição de produtos de aprendizagem altamente personalizados quando e onde são necessários. As bases para desenvolver esta economia do conhecimento são repositórios contendo materiais pedagógicos de alta qualidade, acessíveis por mecanismos de pesquisa através da rede (Internet).


Funcionamento da ADL

A iniciativa ADL está organizada em três co-laboratórios:

O co-laboratório ADL em Alexandria, Virginia. Coordena a rede de co-laboratórios e está focado no desenvolvimento das «guidelines» e especificações SCORM, políticas e procedimentos de testes de conformidade com o SCORM e a investigação avançada.

O co-laboratório Joint ADL em Orlando, Florida. Tem a liderança na pesquisa sobre desenvolvimento de conteúdos que inclui: o desenvolvimento dos protótipos ADL; desenho do conteúdo dos cursos; o desenho e concepção pedagógica («instructional design process»); ferramentas para avaliação de cursos online. Este co-laboratório é também responsável por manter um conjunto de «guidelines» para desenvolvimento de cursos em conformidade com o SCORM.

O co-laboratório Academic ADL em Madison, Wisconsin. Funciona como parceiro académico para o teste, avaliação e demonstração das ferramentas e tecnologias para ensino e aprendizagem que estão em conformidade com o SCORM.


Mário Figueira

Presidente da SAF

(Novabase)

Comentários para o autor para mario.figueira@novabase.pt

Artigo publicado no Jornal de Negócios – suplemento Negócios & Estratégia

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