Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião

Mais sacrifícios em vão

O país ficou ontem a conhecer o duro pacote de austeridade que terá de "engolir" até final de 2011 (?). Vamos esquecer a duvidosa equidade na distribuição de sacrifícios (v.g. o aumento do escalão mais baixo do IVA) e analisar o que interessa: no final de...

  • 49
  • ...
O país ficou ontem a conhecer o duro pacote de austeridade que terá de "engolir" até final de 2011 (?). Vamos esquecer a duvidosa equidade na distribuição de sacrifícios (v.g. o aumento do escalão mais baixo do IVA) e analisar o que interessa: no final de 2011, altura em que Sócrates diz que os impostos voltam a descer, os desequilíbrios (orçamental e externo) estarão ultrapassados? O défice orçamental não, porque o Governo não corta a raiz do problema: a despesa corrente (o corte de 5% no salário dos políticos é financeiramente irrelevante). O défice externo deverá melhorar, devido à quebra do consumo, embora não para níveis recomendáveis.
Ou seja, apesar da gravidade da situação, fica-se com a desagradável sensação de que o enésimo aperto de cinto pedido ao país serve para pouco: no final de 2011 se faltar a receita fiscal (como a despesa se mantém), o défice volta a subir. A menos que… os impostos não desçam (ou subam outros); a menos que… o crescimento do PIB compense a baixa do imposto (uma miragem).

Sócrates disse ontem que voltou atrás no aumento de impostos porque o mundo mudou nos últimos 15 dias (uma alusão à crise do Euro). Francamente! Ele e o ministro das Finanças já sabiam que os impostos teriam de subir porque não têm mão na despesa corrente. Tentaram empurrar com a barriga mas levaram um pontapé dos mercados e um apertão da senhora Merkel. Daí a novel austeridade.

O que mais incomoda nesta história é a certeza de que estamos mesmo a hipotecar o futuro. Pois se nem uma crise tão grave convence o Governo a cortar despesa corrente…


camilolourenco@gmail.com





Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio