Opinião
João Carvalho das Neves:«A dimensão é suficiente como defesa de aquisição?»
Na generalidade das situações as empresas
alvo são mais pequenas que os seus predadores. Perante esta evidência empírica,
há empresas que têm vindo a crescer com o intuito de se tornarem mais
dificilmente «opáveis». Mas crescer sem considerar um nível de desempenho
adequado pode tornar a empresa frágil e apetecível para uma equipa de gestão
concorrente. O financiamento hoje está mais acessível, mesmo para empresas
mais pequenas. Tendo por base a quota de mercado e as áreas de
complementaridade e de sobreposição entre as empresas concorrentes é evidente
o potencial de sinergia. Desde que a equipa de gestão da empresa oferente
consiga introduzir mudanças e implementar uma gestão eficiente pode valorizar
substancialmente a empresa alvo. O negócio é, assim, aparentemente
interessante.
Para benefício da banca europeia fazemos
votos para que não surja um "white knight" e se surgir concorrência
na aquisição, que ela seja europeia. A consolidação bancária na Europa
tem-se dado ao nível de cada um dos países. Depois da oferta do Santander ao
Grupo Champaulimaud, esta seria uma boa ocasião para ir alargando o conceito de
mercado europeu.
Fica também o alerta para as administrações
das empresas. Num mercado eficiente é necessário que as administrações criem
valor para os accionistas. De outro modo ficarão sujeitas a OPA pois as suas
empresas têm demasiado valor desaproveitado. Por isso, os analistas prevêem
que o Barclays possa ser uma das próximas vítimas. E a sua empresa? Como vai
em termos de valor económico criado?