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04 de Outubro de 1999 às 10:43

João Carvalho das Neves:«A dimensão é suficiente como defesa de aquisição?»

 

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Na generalidade das situações as empresas alvo são mais pequenas que os seus predadores. Perante esta evidência empírica, há empresas que têm vindo a crescer com o intuito de se tornarem mais dificilmente «opáveis». Mas crescer sem considerar um nível de desempenho adequado pode tornar a empresa frágil e apetecível para uma equipa de gestão concorrente. O financiamento hoje está mais acessível, mesmo para empresas mais pequenas. Tendo por base a quota de mercado e as áreas de complementaridade e de sobreposição entre as empresas concorrentes é evidente o potencial de sinergia. Desde que a equipa de gestão da empresa oferente consiga introduzir mudanças e implementar uma gestão eficiente pode valorizar substancialmente a empresa alvo. O negócio é, assim, aparentemente interessante.

  Há quem argumente que no futuro veremos cada vez mais as melhores empresas a comprar as piores e, a dimensão será secundarizada.

A OPA hostil, verificada na semana passada, do Bank of Scotland sobre o Natwest (National Westminster Bank) é um exemplo de como um banco mais pequeno e mais eficiente pode tornar-se o predador de um banco maior mas ineficiente.

Não sabemos o desfecho da OPA e pode ser até que surja um outro banco maior do Reino Unido, da Europa ou dos Estados Unidos. Pode ser até que surjam parcerias entre bancos europeus para efectuar esta aquisição. Até podemos vir a observar o aparecimento de um banco em auxílio da administração do Natwest ("white knight").

Para benefício da banca europeia fazemos votos para que não surja um "white knight" e se surgir concorrência na aquisição, que ela seja europeia. A consolidação bancária na Europa tem-se dado ao nível de cada um dos países. Depois da oferta do Santander ao Grupo Champaulimaud, esta seria uma boa ocasião para ir alargando o conceito de mercado europeu.

Fica também o alerta para as administrações das empresas. Num mercado eficiente é necessário que as administrações criem valor para os accionistas. De outro modo ficarão sujeitas a OPA pois as suas empresas têm demasiado valor desaproveitado. Por isso, os analistas prevêem que o Barclays possa ser uma das próximas vítimas. E a sua empresa? Como vai em termos de valor económico criado?

 

 

 

 

 

Economista e Revisor Oficial de Contas
Coordenador Científico do MBA no ISEG
Sócio de Carvalho das Neves & Associados, Lda

Podem ser feitos comentários, sugestões de temas a abordar e questões para
consultorio@carvalhodasneves-assoc.pt

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