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11 de Outubro de 1999 às 10:47

João Carvalho das Neves:«As megafusões criam valor?»

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Esta semana foi intensa em fusões e aquisições, mas sem dúvida que é o anúncio da fusão entre a MCI e a Sprint que merece mais destaque. Desde logo porque resulta assim a segunda maior operadora de telecomunicações dos EUA, com cerca de 36% de quota de mercado de longa distância a seguir à AT&T que domina cerca de 50% desse mercado. Depois pelo facto de ser a maior fusão de sempre, avaliada em 129 mil milhões de dólares (aproximadamente 24.000 milhões de contos), quando até ao momento o ranking era dominado pela Mobil/Exxon então avaliada em 82 mil milhões de dólares.

No passado recente surgiram diversas mega-fusões tais como o Citicorp/Travelers e o BankAmerica/NationsBank e algumas delas transcontinentais, referindo por exemplo a Mobil/Exxon, Daimler/Chrysler, Deutschbank/Bankers Trust. Vivemos uma vaga que se caracteriza por megafusões e fusões transcontinentais, onde parece que dominam as telecomunicações, petrolíferas, serviços financeiros e construção automóvel.

O que procuram os gestores com estas megafusões? Dominar um "império", obter mais poder de mercado, maior eficiência, economias de escala?

Muitos autores, sobretudo da área comportamental, argumentam que existem factores psicológicos e sociais que levam os gestores a querer gerir e controlar grandes empresas e que essa é uma das razões para a existência de cada vez mais fusões e aquisições. Também não parece servir o argumento da redução de custos ou das economias de escala neste tipo de empresas, pois cada uma só por si tem dimensão suficiente para poder ter economias de escala e a dimensão é tal que já cria diversas ineficiências. O poder de mercado também está limitado, na medida em que estas operações necessitam de autorização governamental e só se não estiverem em causa os direitos dos consumidores elas serão autorizadas. Então será que o argumento de que os gestores pretendem dominar "impérios" tem razão?

Nas telecomunicações há ainda uma outra hipótese, na medida em que o negócio é cada vez mais global, a inovação crescente, as inter-relações com outras tecnologias cada vez mais importante no desenvolvimento de serviços e os investimentos são avultadíssimos para poderem serem competitivos e acrescentarem mais serviço. Depois existe uma tendência em diversos países para liberalizar o mercado e há a noção que as empresas nesta área tendem cada vez mais para a globalização. Claro que isso não impede o aparecimento de empresas de menor dimensão, como acontece no nosso país – Novis, E3G, Jazztel, etc. Mas logo no momento da sua criação se põe como hipótese parcerias com os "global players" ou quais são alternativas de gerar mais valias no futuro com a sua colocação em bolsa através de OPV ou de alienação negociada a uma das empresas globais. Em nossa opinião é um dos negócios de maior desenvolvimento em que uma aposta "no cavalo certo" trará os seus ganhos futuros.

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