Opinião
Guebuza ou a geração dos complexados
"Moçambicanos e moçambicanas, Cabora Bassa já é nossa". Autor da frase? Armando Guebuza, Presidente de Moçambique, qualificando a transferência de propriedade da barragem como o fim do "último reduto de de 500 anos de colonização estrangeira".
Trinta anos depois da descolonização, esperava-se que gente com responsabilidade tivesse esconjurado os fantasmas que puseram Moçambique (e as outras ex-colónicas) no grupo dos mais pobres de África.
Ninguém questiona o erro que foi manter o regime colonial além do prazo de validade. E não tivessem Salazar e Caetano falhado o encontro com a História, a situação seria hoje bem diferente. Mas a História é o que é e não a podemos reescrever.
Guebuza parece que não aprendeu com os erros do passado. Depois da independência, o seu partido infernizou de tal maneira a vida aos "pilares" da economia moçambicana (de todas as raças e etnias: brancos, pretos, mulatos, asiáticos...), que os levou a abandonar o país. Sem ter quem os substituísse. O resultado foi uma tragédia para milhões, moçambicanos e portugueses.
Este tipo de discurso, hoje, não tem os riscos do passado. Mas também não ajuda a acabar com complexos que não deixam ex-colonizador e ex-colonizado beneficar das mais-valias de um e de outro.