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Fernando Sobral - Jornalista fsobral@negocios.pt 12 de Janeiro de 2005 às 13:59

Eleger-se por aí

José Raul dos Santos, autarca de Ourique, não sentiu nenhuma alergia quando decidiu candidatar-se a deputado pelo distrito do Porto.

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Para afastar os maus olhados disse mesmo que «os deputados são da nação e não de uma região». Poderia ter dito que os deputados eram da União Europeia e não de Portugal, mas a sinceridade seria a mesma.

As inocentes palavras de Raul dos Santos mostram como a democracia portuguesa é um gigantesco biberão. Tanto se bebe leite de qualidade no Porto como em Beja.

A generalidade dos deputados até poderiam ser eleitos pelo círculo de Tremoços de Cima desde que houvesse uma cadeira disponível para eles em S. Bento. Cada distrito é uma ponte para a margem superior de Lisboa. Aquela que tem vista para o poder. Afinal nenhum futuro deputado é candidato por um distrito ou pelos seus eleitores. Elege-se por um partido.

A sua lealdade não é a uma parte de Portugal. É ao líder e, eventualmente, à distrital da agremiação a quem paga as quotas. O exemplo de Raul dos Santos, na sua honestidade, é claro. Ele não se candidata pelo Porto porque sente os seus problemas e quer lutar por eles. Candidata-se porque é a vontade do líder.

Os eleitores são apenas o fiambre da sandes que alimenta a democracia nacional.

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