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Desintoxicar Portugal

Há 200 anos Napoleão Bonaparte atravessou o rio Memel e entrou no território russo à frente de 600 mil soldados. Seis meses depois, quando em rápida retirada.

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Há 200 anos Napoleão Bonaparte atravessou o rio Memel e entrou no território russo à frente de 600 mil soldados. Seis meses depois, quando em rápida retirada.

o exército francês tentava escapar, só voltaram a atravessar o rio 16 mil soldados. O sonho de uma Europa unida terminou em tragédia. E Napoleão nunca mais conseguiu formar um exército a sério. Waterloo foi apenas a página derradeira que já estava escrita. O sonho europeu está a tornar-se numa versão diferente deste sangrento fim. Sem soldados mortos, mas com milhões de desempregados que chegaram à pobreza para nunca demais lá saírem. E, sobretudo, destruindo a linha de equilíbrio das sociedades ocidentais: a classe média. O consenso político, económico e social estão a ser dinamitados e a colocar também em causa o sistema democrático. Francis Fukuyama, arauto de um mundo neo-liberal, já veio dizer o óbvio: a democracia liberal pode não sobreviver

ao declínio das classes médias. Quando um país entra num circuito de austeridade sem fim, e sem olhar para outras hipóteses, arrisca-se a esse fim inglório. Tudo porque vivemos numa época de modelos fechados. Em Portugal, Vítor Gaspar olha para os seus modelos e não entende porque o desemprego sobe tanto. No papel, o modelo de Napoleão era lindo. Na prática revelou-se um desastre. Esse é o problema deste Governo ao insistir no seu modelo até ao esperado episódio da roleta russa. Tal como a oposição, que no seu modelo fechado, acha que basta pôr uma máquina a fabricar notas para que o paraíso prometido se instale por aqui. Como é possível desintoxicar Portugal quando há quem ainda acredite que o Sol gira à volta da Terra?

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