Opinião
Co-inteligência: a melhor aposta para vingar num mundo alucinado
Num contexto tão dinâmico e fragmentado, por vezes caracterizado como "mundo alucinado", as organizações vivem tempos de incerteza quanto ao futuro dos seus modelos de negócio e organizacionais, procurando referências onde não existem. O tom é de construir, reconstruir e adaptar para melhor lidar com o que está por vir.
O mundo empresarial moderno enfrenta um cenário de complexidade crescente, com tensões geopolíticas e comerciais a destabilizar cadeias de valor globais; uma crescente polarização social a desafiar modelos tradicionais de negócios e liderança; problemas ambientais que urgem por uma ação decisiva em prol da longevidade do planeta; e uma revolução tecnológica, agora com um novo impulso dado pela inteligência artificial, que acelera a transformação de mercados, profissões, formas de trabalhar e, consequentemente da própria noção de liderança.
Num contexto tão dinâmico e fragmentado, por vezes caracterizado como "mundo alucinado", as organizações vivem tempos de incerteza quanto ao futuro dos seus modelos de negócio e organizacionais, procurando referências onde não existem. O tom é de construir, reconstruir e adaptar para melhor lidar com o que está por vir.
Neste ambiente de constante mudança a ideia de co-inteligência — ou inteligência coletiva — ganha uma nova força: ao unir diferentes competências e perspetivas, criam-se bases para as empresas que desejam prosperar num mundo onde as soluções não são lineares e os desafios são interdependentes.
Co-inteligência entre humanos e IA: Um novo paradigma corporativo
Pensar em co-inteligência não é apenas pensar na co-colaboração entre humanos. Uma dimensão emergente no contexto empresarial já pressupõe uma colaboração entre humanos e a inteligência artificial (IA). O uso da IA para automatizar processos, prever tendências e otimizar operações já é uma realidade em muitos setores. No entanto, o verdadeiro valor da IA vai muito além da automação e garante a capacidade de trabalhar em sinergia com os humanos, potenciando a produtividade e tomada de decisões.
Quando se fala em co-inteligência entre humanos e IA, falamos de uma integração profunda entre o raciocínio lógico, a ética e a criatividade humana, com a capacidade da IA de analisar grandes volumes de dados e identificar padrões. Os líderes empresariais do futuro devem aprender por isso a tirar o melhor partido desta relação com AI, considerando que esta co-inteligência pode permitir uma maior capacidade de resposta às mudanças.
Porém, para que essa parceria seja efetiva, é necessário que os gestores e líderes possuam as competências adequadas para entender e tirar proveito dessas tecnologias. Não se trata apenas de saber usar ferramentas, mas de pensar estrategicamente sobre como a IA pode complementar as capacidades humanas. E é aqui que entra o papel transformador da educação executiva.
O papel da educação executiva num contexto co-inteligente
A educação executiva, ao preparar líderes para lidar com cenários imprevisíveis e ambientes de alta complexidade, ajuda a promover o desenvolvimento de competências específicas para potenciar a co-inteligência. Isto envolve, antes de mais, capacitar os líderes para reconhecerem o valor da colaboração e da diversidade cognitiva, tanto dentro das suas organizações como nas suas interações com o mercado e a sociedade.
Os programas de educação executiva criam, sobretudo, bases sólidas para potenciar competências-chave como gestão de inovação, pensamento sistémico ou liderança colaborativa. Mais do que preparar líderes para o curto prazo, o objetivo deve ser ajudá-los a construir organizações resilientes, adaptáveis e altamente inovadoras.
Um bom exemplo de iniciativas de co-inteligência em que temos estado a trabalhar na Nova SBE é a conferência da UNICON, um consórcio global que junta as melhores escolas de negócio focadas na educação executiva, e que vai decorrer em Carcavelos entre os dias 6 e 8 de novembro. Ao juntarmos mais de 200 universidades para analisar o contexto atual do mundo corporativo, promovemos a partilha de conhecimento de forma colaborativa e inovadora, preparando gestores para os desafios de um mundo globalizado e complexo.
Ao funcionar como um "hub" de partilha de conhecimentos no setor da educação executiva, a UNICON ilustra como a união de instituições diversas pode gerar programas educacionais que respondam às necessidades do mercado e antecipem futuras disrupções. O seu foco na colaboração global e no intercâmbio de ideias reforça o valor da partilha de conhecimento como ferramenta essencial para a criação de líderes que entendem a importância de gerir o capital humano e tecnológico de forma integrada, conseguindo assim dar resposta num mundo onde a volatilidade e a incerteza se tornaram parte integrante do cenário empresarial.
Ao permitir que empresas e líderes aproveitem o melhor do conhecimento coletivo e tecnológico, a co-inteligência emerge como uma das estratégias mais eficazes para garantir a competitividade das organizações.
A educação executiva assume, assim, um papel fundamental na preparação de líderes capazes de capitalizar este potencial, ensinando-os a integrar a co-inteligência nos processos de gestão e na cultura organizacional. E, à medida que avançamos para um futuro cada vez mais complexo, será a capacidade de liderar com base na inteligência coletiva que determinará o sucesso das organizações.