Opinião
Aprendizagem contínua e carreiras infinitas: um novo paradigma profissional
A era das carreiras infinitas convida-nos a repensar o significado do trabalho nas nossas vidas, valorizando a flexibilidade, a realização pessoal e a capacidade de nos reinventarmos continuamente.
Pela primeira vez na história, o mundo tem mais habitantes idosos do que jovens. Esta alteração na curva etária global significa que estamos a viver mais e com melhor qualidade de vida. Com um "bónus" de mais 20 anos em comparação com gerações anteriores, surge a oportunidade de repensar a estrutura tradicional do conceito de carreira profissional.
Em vez de um percurso linear que culmina na reforma aos 65 anos, podemos agora conceber carreiras infinitas, interrompidas ou adaptadas conforme as preferências e necessidades individuais.
A ascensão das carreiras infinitasA ideia de carreira infinita assenta na flexibilidade e na autonomia, em que cada indivíduo pode decidir quando iniciar, pausar ou terminar a sua atividade profissional, sem estar limitado por imposições etárias. Esta liberdade permite que as pessoas alinhem as suas carreiras com os seus valores pessoais, interesses e circunstâncias de vida, promovendo um maior sentido de realização e satisfação.
Este novo paradigma reconhece que a vida profissional não é um trajeto único e inalterável, mas sim um conjunto de múltiplas etapas e transições. Esta nova realidade demográfica convida-nos a reimaginar a vida profissional, permitindo que cada indivíduo decida quando e como deseja interromper ou modificar a sua atividade profissional, em vez de seguir limites de idade pré-estabelecidos. Esta abordagem flexível responde às necessidades de um mundo em rápida mudança, onde a capacidade de adaptação é essencial.
Desenvolvendo competências portáteis
Num contexto de carreiras infinitas e transições frequentes, torna-se crucial desenvolver competências que sejam transferíveis entre setores e funções. Estas competências portáteis incluem meta-competências como pensamento crítico, resolução de problemas, comunicação eficaz, adaptabilidade e inteligência emocional. São capacidades que permanecem relevantes e independentes das mudanças tecnológicas ou exigências específicas de uma determinada função ou contexto organizacional.
A formação executiva desempenha um papel vital na promoção destas competências. Ao focar-se no desenvolvimento de habilidades transversais, as formações desenhadas para os executivos e respetivas equipas prepara-os para navegar pelas diversas fases das suas carreiras com confiança e flexibilidade mental, além de incentivar uma mentalidade de aprendizagem contínua, fundamental num mundo onde o conhecimento está em constante evolução.
O papel da educação executiva na era das carreiras infinitasAlém da organização do portfólio focado no desenvolvimento de áreas estratégicas e meta competências, a educação executiva precisa evoluir na flexíbilidade da sua oferta adaptada a diferentes etapas da vida profissional. Isso implica:
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Personalização da aprendizagem: oferecer currículos que possam ser ajustados às necessidades individuais e etapas de carreira.
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Aprendizagem ao longo da vida: promover uma cultura de aprendizagem contínua, onde a educação é vista como um processo permanente.
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Foco nas competências portáteis: desenvolver programas que enfatizem habilidades transferíveis, preparando os profissionais para transições suaves entre diferentes funções ou setores.
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Integração tecnológica: utilizar as novas tecnologias para facilitar o acesso à educação, permitindo que as pessoas aprendam a qualquer hora e em qualquer lugar.
A transição para um modelo de carreiras infinitas e vida profissional flexível representa uma mudança significativa na forma como encaramos o trabalho e a aprendizagem. Num mundo onde a longevidade aumenta e as formas de trabalho evoluem, é fundamental que cada indivíduo assuma o controlo do seu percurso profissional em processo de continua reflexão-ação.
Em última análise, a era das carreiras infinitas convida-nos a repensar o significado do trabalho nas nossas vidas, valorizando a flexibilidade, a realização pessoal e a capacidade de nos reinventarmos continuamente. Ao abraçar este novo paradigma, podemos construir trajetórias profissionais mais satisfatórias e contribuir para uma sociedade que reconhece e valoriza o potencial de cada indivíduo em todas as etapas da sua vida.