Opinião
Liderança positiva para organizações mais resilientes e humanizadas
Num mundo onde as tensões e os conflitos parecem ser a norma, a liderança positiva e pacífica surge como uma abordagem alternativa e necessária. Ao invés de perpetuar ciclos de confrontação, os líderes têm a oportunidade de promover a paz e a colaboração, tanto dentro das suas organizações como na sociedade em geral.
Vivemos num ano em que o número de conflitos armados atingiu níveis sem precedentes e as últimas eleições em vários países revelam posições extremas e polarizadas. Neste cenário de tensão global, pode parecer inusitado propor líderes mais pacíficos e positivos como solução. No entanto, ainda que paradoxal, é precisamente o desenvolvimento de uma nova abordagem que pode ajudar a quebrar o ciclo de confrontos ideológicos que tem continuamente levado a novas tensões - quer no mundo, quer nas organizações.
Em vez de reagir com as mesmas ferramentas que perpetuam o conflito, é fundamental mudar a estratégia, trazendo o diálogo e promovendo o pensamento e ações mais positivas e produtivas.
A liderança positiva baseia-se na premissa de que os líderes devem inspirar, motivar e capacitar os seus colaboradores, focando-se nas forças individuais e coletivas. Num mundo marcado por divisões e conflitos, esta abordagem promove um ambiente de trabalho onde a confiança, respeito e reconhecimento promovem a segurança psicológica necessária à mudança e adaptação organizacional. Ao potenciar o melhor de cada indivíduo, os líderes criam equipas mais coesas e inovadoras, capazes de enfrentar desafios complexos com criatividade e resiliência.
Paralelamente, a liderança pacífica desempenha um papel crucial num ambiente organizacional diverso e em constante transformação. Confrontados com tensões internas e externas, os líderes pacíficos escolhem caminhos de diálogo e compreensão mútua. Em vez de reagir com agressividade ou repressão, optam por mediar conflitos com empatia e objetividade, buscando soluções que beneficiem todas as partes envolvidas. Esta abordagem não só resolve conflitos imediatos, mas também estabelece uma cultura organizacional que valoriza a cooperação e a harmonia, dimensões que contribuem para a longevidade organizacional.
Num contexto global onde a tensão gera mais tensão, a liderança pacífica oferece uma contra-proposta. Ao mudar a ferramenta de resposta — substituindo a confrontação pelo diálogo e a imposição pela inspiração — os líderes têm a oportunidade de quebrar ciclos negativos e promover ambientes mais saudáveis e produtivos. Esta mudança de paradigma é essencial não apenas dentro das organizações, mas também no impacto que estas têm na sociedade em geral. Não se trata apenas de uma estratégia de gestão, mas de uma filosofia que permeia todas as ações e decisões da empresa. Os líderes devem ser exemplos vivos destes valores, inspirando os seus colaboradores através de ações concretas que refletem os príncipios da co-inteligência, o respeito, a integridade e a empatia.
A educação executiva desempenha um papel determinante na preparação de líderes capazes de implementar estas abordagens. No entanto, mudar paradigmas organizacionais, começando desde logo por quem os define, tem os seus desafios - sobretudo tendo em conta o quão diferentes podem ser estes paradigmas com base na geografia e contexto em que atuam cada empresa.
É também neste contexto que nasce a UNICON, um consórcio que agrega as melhores business Schools de todo o mundo e, com base numa lógica de co-inteligência e partilha de experiências geograficamente diversas, facilita a resposta das business schools às preocupações dos líderes que as procuram para transformar as suas organizações. É através de redes como a da UNICON que as escolas que formam executivos podem, através da colaboração global, preparar os líderes para os desafios atuais.
À medida que nos aproximamos da UNICON TDC Conference, que irá decorrer em novembro na Nova SBE, vemos uma nova oportunidade para refletir sobre como podemos, coletivamente, promover práticas de liderança que não só respondam aos desafios do presente, mas que também inspirem mudanças positivas a longo prazo. Ao investir no desenvolvimento de líderes pacíficos e positivos, estamos a dar um passo crucial na direção de organizações mais resilientes, inovadoras e humanizadas, capazes de prosperar num mundo em constante transformação.
Ao adotar uma liderança positiva e pacífica, as organizações beneficiam de múltiplas formas: colaboradores motivados e valorizados tendem a ser mais produtivos e criativos, contribuindo para a inovação contínua. Um ambiente de trabalho harmonioso reduz o stress e o "burnout", melhorando a saúde e o bem-estar geral da equipa. Além disso, empresas que promovem estes valores tendem a ter uma imagem mais positiva junto do público e dos parceiros, fortalecendo a sua posição no mercado e constribuindo para a sua longevidade empresarial.
Em suma, num mundo onde as tensões e os conflitos parecem ser a norma, a liderança positiva e pacífica surge como uma abordagem alternativa e necessária. Ao invés de perpetuar ciclos de confrontação, os líderes têm a oportunidade de promover a paz e a colaboração, tanto dentro das suas organizações como na sociedade em geral. Esta filosofia não é apenas desejável; é essencial para construir um futuro mais harmonioso e sustentável.