Opinião
Calçado sabe nadar, yô?!
Um par de sapatos exportado por Portugal tem um preço médio de 18 euros, enquanto um par importado da China custa 3 euros. Com números destes, o normal é que a indústria portuguesa de calçado estivesse a ser massacrada, num “remake” dos problemas do secto
Afinal aconteceu o contrário. As exportações aumentaram (em 2007 mais de 90% da produção foi para o exterior), apesar da valorização do euro face ao dólar. As vendas para os EUA foram desviadas para os mercados europeus.
O que aconteceu? O que sempre sucede quando as empresas são largadas no mar: ou aprendem a nadar, ou vão ao fundo. Algumas afogaram-se, a esmagadora maioria safou-se. Perdida a vantagem preço, foram obrigadas a mudar o modelo de negócio. Resultado: a imaginação ganhou à fatalidade (em 2007 quase 50% das empresas já tinham marcas próprias).
É claro que esta revolução não se fez sem dor. Quem não se lembra dos apelos à intervenção do Estado quando a Clarks e a Bawo fecharam as portas? Num país onde um dos passatempos favoritos é a autoflagelação, vale a pena estudar este caso. Pode ser que deixemos de gritar pelo Estado? por tudo e por nada.
P.S. – As super coligações costumam reunir interesses tão divergentes que raramente são garantia de estabilidade. É por causa disso que convém estar atento ao BCP (à hora de fecho desta crónica a AG ainda decorria). Por causa disso? e de Berardo.