Opinião
"Brexit": o que significaria para a libra?
Desde que o ano começou, a libra já se depreciou substancialmente face ao dólar norte-americano e ao euro, fruto das preocupações com um eventual "Brexit".
No dia 23 de junho os eleitores britânicos irão às urnas para decidir se o Reino Unido deverá permanecer como membro da União Europeia. Apesar de a expetativa ser a de que vença o "sim", a possibilidade de um "Brexit" não deverá ser descartada, uma vez que as sondagens mais respeitadas apontam para a vitória do "sim", mas com uma margem pouco expressiva. Esta vantagem diminuiu após os ataques de Bruxelas no mês passado e, em nosso entender, a probabilidade de 33% para um "Brexit" parece estar em linha com as sondagens.
Apesar de a campanha a favor da permanência ser cada vez mais audível, não deixa de ser evidente a genuína preocupação por parte dos investidores com o impacto negativo que uma saída da União Europeia teria para a economia do Reino Unido.
Caso o Reino Unido saia de União Europeia, será de esperar uma desvalorização da libra. É, no entanto, muito difícil prever a extensão, dado que não existem precedentes históricos. O evento mais recente de que temos memória seria quando o Reino Unido foi forçado a sair do Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio (MTC), durante a Quarta-feira Negra de setembro de 1992.
Com essa saída, a libra caiu 15% face ao dólar norte-americano e ao marco alemão, em apenas uma semana, terminando o ano 25% abaixo do dólar. No entanto, naquele ano de 1992, o declínio foi de um nível tão excessivo, que foi por todos reconhecido que era uma consequência direta da saída do MTC. Atualmente, e desde que o ano começou, a libra já se depreciou substancialmente face ao dólar norte-americano e ao euro, fruto das preocupações com um eventual "Brexit".
Em termos comerciais ponderados, a libra está, neste momento, a movimentar-se 14% abaixo do que acontecia antes da saída do MTC no início de setembro de 1992. Isto sugere que a libra tem menos margem para cair em caso de assistirmos a um "Brexit", do que tinha a seguir à saída do MTC. Não antecipamos por isso um declínio na libra da magnitude testemunhada em 1992, o que deixa de parte a depreciação de 20% já sugerida pelo Goldman Sachs.
Mais provável seria assistirmos a uma depreciação da libra de aproximadamente 10% face ao dólar norte-americano e de 5% face ao euro como consequência de uma votação a favor do "Brexit". Por outro lado, e dado que as probabilidades estão a ser antecipadas pelos mercados, uma votação a favor da permanência na União Europeia e um resultado sem incertezas poderia fazer com que a libra recuperasse quase metade desse montante, ou seja, 5% face ao dólar e 2,5% face ao euro.
Seria interessante ver como o Banco de Inglaterra reagiria no caso de assistirmos a um "Brexit". Acreditamos que seria expectável que o comité de política monetária anunciasse um corte de emergência das taxas de juros e injetasse liquidez nos mercados, de forma a manter a estabilidade monetária. Em contraste, um resultado a favor da permanência iria levar os mercados a dissipar as suas expetativas para um corte das taxas de juro e antecipar a possibilidade de uma subida em algum momento ao longo dos próximos 12 meses.
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.
Apesar de a campanha a favor da permanência ser cada vez mais audível, não deixa de ser evidente a genuína preocupação por parte dos investidores com o impacto negativo que uma saída da União Europeia teria para a economia do Reino Unido.
Com essa saída, a libra caiu 15% face ao dólar norte-americano e ao marco alemão, em apenas uma semana, terminando o ano 25% abaixo do dólar. No entanto, naquele ano de 1992, o declínio foi de um nível tão excessivo, que foi por todos reconhecido que era uma consequência direta da saída do MTC. Atualmente, e desde que o ano começou, a libra já se depreciou substancialmente face ao dólar norte-americano e ao euro, fruto das preocupações com um eventual "Brexit".
Em termos comerciais ponderados, a libra está, neste momento, a movimentar-se 14% abaixo do que acontecia antes da saída do MTC no início de setembro de 1992. Isto sugere que a libra tem menos margem para cair em caso de assistirmos a um "Brexit", do que tinha a seguir à saída do MTC. Não antecipamos por isso um declínio na libra da magnitude testemunhada em 1992, o que deixa de parte a depreciação de 20% já sugerida pelo Goldman Sachs.
Mais provável seria assistirmos a uma depreciação da libra de aproximadamente 10% face ao dólar norte-americano e de 5% face ao euro como consequência de uma votação a favor do "Brexit". Por outro lado, e dado que as probabilidades estão a ser antecipadas pelos mercados, uma votação a favor da permanência na União Europeia e um resultado sem incertezas poderia fazer com que a libra recuperasse quase metade desse montante, ou seja, 5% face ao dólar e 2,5% face ao euro.
Seria interessante ver como o Banco de Inglaterra reagiria no caso de assistirmos a um "Brexit". Acreditamos que seria expectável que o comité de política monetária anunciasse um corte de emergência das taxas de juros e injetasse liquidez nos mercados, de forma a manter a estabilidade monetária. Em contraste, um resultado a favor da permanência iria levar os mercados a dissipar as suas expetativas para um corte das taxas de juro e antecipar a possibilidade de uma subida em algum momento ao longo dos próximos 12 meses.
Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.