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08 de Fevereiro de 2008 às 15:11

Até um dia

Cavaco Silva, João Cravinho, Garcia Leandro. Não são os únicos mas merecem atenção porque um dia vai ser tarde. Não são os únicos a verem as consequências nefastas da corrupção numa sociedade já de si assimétrica - Portugal é dos países europeus onde mais

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Cavaco Silva, João Cravinho, Garcia Leandro. Não são os únicos mas merecem atenção porque um dia vai ser tarde. Não são os únicos a verem as consequências nefastas da corrupção numa sociedade já de si assimétrica - Portugal é dos países europeus onde mais se tem acentuado o fosso entre ricos e pobres.

No Presidente da República o alerta é recorrente: um combate eficaz ao fenómeno é essencial para a qualidade da democracia. Cavaco (que uma fatia crescente começa a olhar com esperança) decidiu alargar a sua preocupação ao contraste de salários num país em que se consolidam as desigualdades sociais (o que irritou uma fatia bem pensante).

João Cravinho regressou ao tema numa entrevista à SIC Notícias, provando que não desiste de um combate em que foi objectivamente abandonado pelo seu partido. Cravinho, que conhece a "máquina" e muitos "maquinistas", deixou o Parlamento com avisos audíveis: é urgente apertar o cerco à corrupção e ao enriquecimento ilícito (o que lhe valeu um convite para uma reforma na City).

Surgiu agora Garcia Leandro, militar respeitado e presidente do Observatório de Segurança. Passagens de um artigo de opinião publicado no Expresso: "A promiscuidade entre o poder político e o económico é um facto e feito com total despudor. (?) A explosão social está a chegar. Vão ocorrer movimentos de cidadãos que já não podem aguentar mais o que se passa. (?)

Os sintomas são iguais aos que aconteceram no final da Monarquia e da I República". Sob pressão, o PS que chumbou Cravinho promete a criação, até ao Verão, de uma "entidade com autoridade para intervir na prevenção". Vai, obviamente, ficar tudo na mesma. Até um dia.

P.S. Alberto Costa, uma das boas cabeças do PS, não nasceu para mandar. O erro de casting de Guterres repete-se com Sócrates - e, tal como antes, a factura é paga pelo Governo.

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