Opinião
As estatísticas do INE e a coesão
A divulgação, na semana passada, das estatísticas do INE sobre a evolução do rendimento das famílias nas várias regiões portuguesas, traduziu-se seguramente numa dor de cabeça adicional, para quem...
A divulgação, na semana passada, das estatísticas do INE sobre a evolução do rendimento das famílias nas várias regiões portuguesas, traduziu-se seguramente numa dor de cabeça adicional, para quem está já nos gabinetes dos ministros a preparar a estratégia de negociação de Portugal, para a feroz batalha que se adivinha venha a ser a fixação dos limites da despesa – e a sua orientação –, no âmbito do próximo quadro financeiro da União Europeia (2007-2013).
Ter pela frente dados estatísticos que revelam que, entre 1995 e 2001 –, período que coincide, grosso modo, com a execução do II Quadro Comunitário de Apoio – o “fosso” entre as regiões mais ricas e mais pobres aumentou, só pode levar a uma conclusão: o plano de desenvolvimento regional, na sua vertente de promoção da coesão económica e social do próprio país, falhou.
Duas regiões, Lisboa e Vale do Tejo e Madeira, deram um salto em frente; os Açores também, embora se tivessem mantido com um rendimento inferior à média nacional. Enquanto isso, o Norte, o Centro e o Alentejo perderam claramente velocidade.
Ainda de acordo com as estatísticas do INE, as áreas da Grande Lisboa, Grande Porto e Pensínsula de Setúbal geraram 50,6% do Produto Interno Bruto.
Estes resultados são fruto de uma estratégia macrocéfala de crescimento, que, tomando o país como um todo, fez ainda com que Portugal tivesse ficado parado no tempo: segundo dados da Comissão Europeia, o PIB per capita português equivalia, em 1995, a 69,8% da média europeia; em 2001, recuou para 69%.
Na vizinha Espanha, passou de 78,2% para 84%, durante o mesmo lapso de tempo.
É com dados como estes que a diplomacia portuguesa tem de lidar para, em Bruxelas, tentar provar precisamente o contrário: que a política de coesão não é uma perda de tempo e de dinheiro, que a Europa precisa de regiões mais
coesas para ser mais forte.
Boa sorte.