Opinião
As eleições de Springsteen
Quando Bruce Springsteen decidiu participar na campanha eleitoral ao lado de John Kerry percebeu-se que o desconforto atingiu uma franja da população que começa a ver o célebre «sonho americano» como um pesadelo.
O criador de «Born in the USA» não faz parte da elite liberal de Hollywood que sempre foi contra o poder republicano, apesar de ser uma das pontas de lança da cultura popular que os EUA utilizaram como arma hegemónica em todo o mundo. Springsteen está mais próximo do mundo «blue collar» norte-americano, que foi o primeiro a ser destroçado pela globalização. Ele representa os subúrbios que perderam o oxigénio que alimentava os seus equilíbrios sociais e o «american way of life». Não é que Kerry seja o oposto de Bush em termos ideológicos. Mas numa altura em que a economia norte-americana vai perdendo a capacidade de atracção de todos os capitais estrangeiros disponíveis, a locomotiva começa a avançar de forma mais lenta. E isso faz com que nem todos tenham lugar nas carruagens do «sonho americano». Springsteen olha à volta e sente isso. Mais do que os liberais de Beverly Hills. Muito mais do que o clube de amigos de Bush.
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