Opinião
A crise, a fé e os BRIC
A fé, no futebol português, move multidões mas também move milhões.
A salvação de cada época pode estar no menu de um empresário e nas percentagens das transacções que criam milagres da multiplicação. A salvação é o centro comercial do futebol português. E no consumir é que está o ganho. O futebol nacional, depois de ter passado a fase em que acreditava que iria ser uma indústria de sucesso, com SADs e Academias, continua a vir assente numa confortável bolha de dívida. Todos os anos surgem milhões infinitos para salários e cláusulas de rescisão. Portugal está em crise, o futebol indígena parece um país BRIC. Num país que se fala de desperdício e lixo ninguém se incomoda com os autênticos cemitérios de jogadores que são certos plantéis. Quem pagará caro serão as selecções nacionais já que cada vez menos jogadores jovens portugueses têm hipótese de singrar em equipas competitivas. Olhe-se para o que vão ser os 11 base das três principais equipas portuguesas: os jogadores portugueses são cada vez mais a excepção. Noutros, como é o Benfica, os portugueses servem apenas para compor o número de jogadores nacionais que a UEFA impõe, como dizia inocentemente o sr. Jorge Jesus há dias sobre a contratação do sr. Eduardo.
O que se conclui desta forma de actuar é que a criação de uma indústria de futebol em Portugal foi um mito. Tudo continua a ser gerido como uma mercearia. Não há estratégia, não há relação de receitas com gastos, a colocação em Bolsa é uma utopia. O que se criou neste mundo foi, no meio de uma selva de prejuízos, oásis de lucros que são fundos de jogadores e comissões a empresários. Ou seja alguém efectivamente ganha neste delírio pouco controlado. É claro que há momentos que diferenciam os verdadeiros jogadores dos outros. A saga das contratações do sr. Danilo e do sr. Alex Sandro foi exemplar. O Benfica, a acreditar na imprensa, andou meses a dizer que ia contratar os craques. Quando ia contratar o defesa esquerdo este foi para o FC Porto. Mas o caso do sr. Danilo mostrou o que separa o sr. Pinto da Costa do sr. Luís Filipe Vieira: este chegou ao Brasil, emprestou o sr. Kardec ao Santos e o FC Porto ficou com o médio.
Fantástico! Para que é que o Benfica emprestou o sr. Kardec ao Santos se não era para potenciar a contratação do sr. Danilo? Resultado: está provado que o FC Porto gere melhor as contratações e, sobretudo, gere melhor a comunicação social. Como se prova todos os dias quando se lê as páginas de desporto dos jornais e se vê a televisão. Mas, no meio destas guerrilhas de cowboys e índios, o dinheiro continua a fluir. E não tem fim. O futebol deixa-nos descansados: Portugal tem futuro.
O que se conclui desta forma de actuar é que a criação de uma indústria de futebol em Portugal foi um mito. Tudo continua a ser gerido como uma mercearia. Não há estratégia, não há relação de receitas com gastos, a colocação em Bolsa é uma utopia. O que se criou neste mundo foi, no meio de uma selva de prejuízos, oásis de lucros que são fundos de jogadores e comissões a empresários. Ou seja alguém efectivamente ganha neste delírio pouco controlado. É claro que há momentos que diferenciam os verdadeiros jogadores dos outros. A saga das contratações do sr. Danilo e do sr. Alex Sandro foi exemplar. O Benfica, a acreditar na imprensa, andou meses a dizer que ia contratar os craques. Quando ia contratar o defesa esquerdo este foi para o FC Porto. Mas o caso do sr. Danilo mostrou o que separa o sr. Pinto da Costa do sr. Luís Filipe Vieira: este chegou ao Brasil, emprestou o sr. Kardec ao Santos e o FC Porto ficou com o médio.
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