Opinião
A burocracia partidária
Como é que, dentro desta pirâmide de poder partidário, de equilíbrios e divisão de interesses, é possível renovar os partidos? É por isso que grande parte dos parlamentares são indivíduos que entram mudos e que, ao fim de quatro anos, saem calados.
No século XIX os partidos, quando estavam cansados de governar, pediam uma audiência ao Rei e diziam que a melhor solução era convocar eleições.
Os caciques locais, sempre atentos, mudavam tacticamente de partido e garantiam a nova maioria. Hoje não é assim: o Presidente dissolve o Parlamento e os caciques concelhios e distritais preparam a nova divisão de poder que segue dentro de momentos.
Os partidos vivem deste dióxido de carbono e por isso as suas ideias de renovação intoxicam-se nele.
Como é que, dentro desta pirâmide de poder partidário, de equilíbrios e divisão de interesses, é possível renovar os partidos? É por isso que grande parte dos parlamentares são indivíduos que entram mudos e que, ao fim de quatro anos, saem calados.
Levantam a mão as vezes que é necessário e nada mais. Meia dúzia de dirigentes discute o que é essencial para o país.
É esta a nossa classe política, com honrosas excepções: gente do chamado «aparelho» partidário. A militante burocracia do país. É por isso que, no PS, já se vislumbram alguns nomes a saltar da toca para se mostrarem ministeriáveis.
Gente sem ideias e cuja folha de serviços ao país é uma nódoa. Mas que o «aparelho» compreende.
E aplaude.