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Inteligência Artificial em 2024: vamos perder esta gigante oportunidade?

2024 perspetiva-se como um ano de avanços que são ainda dificeis de antecipar, incluindo modelos de processamento de linguagem natural ainda mais sofisticados e que permitirão uma integração mais profunda em diversas áreas como saúde, educação, finanças, manufatura e logística, oferecendo soluções mais personalizadas e eficientes.

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O final do ano é um tempo propício a balanços e reflexões sobre o ano que passou e sobre medidas para o Ano Novo. E sobre 2023 muito há a dizer, pois foi um ano repleto de eventos disruptivos de caráter geopolítico e macroeconómico, tensões internacionais inesperadas, alterações climáticas e desenvolvimentos significativos no campo da Inteligência Artificial (IA), tanto em avanços tecnológicos como em mudanças na perceção e discussões sobre regulação.

Tal como aconteceu no passado com o motor a vapor ou com a eletricidade, a IA está a transformar a economia, a sociedade e o mundo. Por exemplo, a IA está a ajudar-nos a resolver alguns dos desafios mundiais mais prementes: do tratamento de doenças e redução das taxas de mortalidade em acidentes de viação à luta contra as alterações climáticas, da otimização de recursos energéticos ao desenvolvimento de agricultura inteligente e à prevenção de ameaças à cibersegurança.

Foi em 2023 que os modelos de linguagem de grande escala (LLMs), como o GPT-4 lançado em março 2023, mostraram uma melhoria substancial na compreensão e geração de linguagem natural, tornando-os mais eficazes na geração, tradução e sumarização de conteúdos. Foi também em 2023 que integraram a produção de imagem revolucionando a produção de novos designs. Também os chatbots ganharam popularidade devido à sua habilidade de manter conversas e fornecer informações úteis. Setores como finanças, educação, produção industrial e entretenimento viram um crescimento da integração de IA nas atividades do dia a dia. Por exemplo no diagnóstico médico, na personalização de tratamentos e terapêuticas, nos processos de inovação e, em particular, no desenvolvimento de novos medicamentos e terapias.

A sociedade em geral, e os governos em particular, começaram a levar mais a sério os riscos da IA para a democracia, por exemplo, enquanto ferramenta poderosa para controlar eleições.

2023 foi o ano em que a generalidade das pessoas começou a entender o que é a IA e o que ela pode significar para as nossas vidas. Nos vários níveis de ensino, o advento dos LLMs, levou também a discussões importantes sobre o futuro do trabalho, e a necessidade de repensar os modelos de ensino e de requalificação profissional, tendo em vista uma melhor preparação das populações para o futuro.

2024 perspetiva-se como um ano de avanços que são ainda dificeis de antecipar, incluindo modelos de processamento de linguagem natural ainda mais sofisticados e que permitirão uma integração mais profunda em diversas áreas como saúde, educação, finanças, manufatura e logística, oferecendo soluções mais personalizadas e eficientes. Por exemplo, haverá um aumento no desenvolvimento de tecnologias de IA destinadas a auxiliar pessoas com deficiências, idosos e outros grupos, melhorando a qualidade de vida e independência. É também provável que vejamos mais regulação e mais discussão sobre os riscos da IA.

A União Europeia tem centrado a sua abordagem à IA na ética e na regulamentação, sendo líder na criação de políticas e diretrizes para o uso responsável da IA, enquanto vários países se têm afirmado pela implementação de estratégias para estimular o desenvolvimento e a aplicação da IA. Mas, apesar da IA ser uma das tecnologias mais estratégicas do século XXI, em Portugal assistimos a alguma apatia no debate sobre as oportunidades e desafios que a IA representa para a nossa economia e o nosso futuro coletivo em sociedade. Este é um debate que nos devia mobilizar a todos, da universidade às organizações empresariais, do cidadão comum aos governos. Com eleições à porta, urge que os partidos e vários atores políticos incluam a AI nas suas agendas políticas e, no mínimo, promovam o debate sobre os seus desafios e oportunidades.

Na Nova SBE temos tentado motivar esse debate (e.g. num conjunto de debates organizado em parceria com a Faculdade de Ciências Médicas da UNL e nas Conferências do Estoril) e vamos usar os desafios da IA como motivação, entusiasmado e “vitaminas” adicionais para desenvolver os projetos e as parcerias (em Portugal e no resto do mundo), que nos vão ajudar a preparar a nossa sociedade, incluindo organizações públicas e o nosso tecido empresarial, para um mundo em que IA será omnipresente. 

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